Sobra “cultura”, falta educação
José Paes 13/09/2013 13:50

Nas últimas semanas, as temáticas da cultura e da educação tomaram conta dos debates da sociedade campista. Hoje vivenciamos a seguinte situação: Esbanjamos (ou seria desperdiçamos?) “cultura” e mendigamos por educação.

Esbanjamos, como disse o jornalista Ricardo André, a cultura da gastança, consolidada através da contratação milionária de shows de qualidade e utilidade altamente questionáveis, confundindo entretenimento com cultura, fazendo escoar pelos ralos da incompetência o orçamento municipal.

Por outro lado, apesar do nosso bilionário orçamento, faltam professores, faltam merendeiros, falta gestão, enfim, falta tudo na educação pública campista, menos incompetência e falta de compromisso. Um tormentoso retrato da cidade que se envergonha (ou pelo menos deveria) em ocupar a última colocação no IDEB.

Mas não basta apenas criticar, é necessário propor soluções e, sobretudo, cobrar medidas práticas que alterem esse quadro. Como podemos melhorar? De que forma avançar? Como fazer diferente? É algo que devemos refletir.

O fomento da cultura deveria ser pensado como mecanismo de desenvolvimento da cidadania. Shows são importantes para o entretenimento, para o desenvolvimento do turismo, da economia, mas não podem, definitivamente, ser o carro chefe da política cultural do município. A cultura deve ser pensada de forma ampla, multifacetada e, sobretudo, sem preconceitos e privilégios. E o mais importante, há de se buscar um fim legítimo e não apenas o benefício de poucos.

O próprio desenvolvimento da cultura, nos moldes acima citados, poderia ajudar o município a sair do fundo do poço, quando se fala em educação. Mas nesse caso, precisamos ir além. Precisamos de gestão, de compromisso e desprendimento. Não é mais admissível que a rede municipal de ensino continue a servir de cabide de emprego, loteada de comissionados e contratados. Precisamos de profissionais concursados, efetivos, qualificados, estimulados, comprometidos com a política educacional e não com os políticos. Não basta construir e reformar escolas, adquirir livros a preços absurdos – sobretudo quando o MEC os distribui de forma gratuita -, se o principal personagem da educação, o professor, não é valorizado.

Como se vê, o que precisamos mesmo é mudar a cultura política do nosso município. Não podemos gastar por gastar, não podemos gastar para agradar, gastar para se perpetuar no poder, gastar para beneficiar amigos, parentes e aliados políticos. Precisamos de menos shows e mais educação, de menos “palhaços” e mais professores, de menos palcos e mais cultura. Enfim, precisamos de menos pão e circo e mais respeito com a população.

Artigo da minha autoria publicado na versão impressa da Folha do dia 12.09.

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