A loirinha morreu
Murilo Dieguez 18/09/2013 01:28
Descontando quando eu era amamentado, em criança; foi a primeira dama, que me acomodou aos seios; dos da minha infância eu não lembro; dos da loirinha eu nunca esqueci. Viveu sua vida sem nunca se preocupar com o amanhã, aloucadamente, alucinadamente, menininha ainda, provocava a libidinagem da meninada e o desespero do velho, meu velho tio, que saía disparado em seu rastro, ali pelas bandas da Ypiranga com Ouvidor. Ele morreu bem antes, de cansaço; nunca conseguiu alcançá-la. Ela teve seus centos amores, não dava dias de validade pra nenhum, também por isso nenhum conservou, teve seus filhos e, e com a visão de míope, os viu crescer. Tinha troupes, suas patotas, suas maralhas, tudo muito louco e sem espaço para o comum e o cotidiano. Se tivesse um mínimo de parâmetro, podia até ter descambado para a política e prolongado um pouco mais sua existência terrena, como fizeram alguns dos aluados, dos seus bandos urbanos. E uns dias atrás, talvez por muitas estocadas, ou agulhadas de toda a curta vida louca, vida; morreu só; foi de Aids. Pode chorar, sem se envergonhar amiguinho e amiguinha, que por esta página, só agora fica sabendo. Não lastime, por não ter doado uns trocados pro passamento, por não ter tido tempo de colocar no jornal, ou anunciado sua dor e suas condolências nas ondas da rádio. Morreu, e como procurou a morte em todos os dias de sua vida. Morreu sem sequer uma palavra de paz.

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