MOUCOS OUVIDOS
lucianaportinho 07/08/2013 20:43
MOUCOS OUVIDOS Geraldo Machado A expressão, parece que vinda de Portugal, diz de surdez, mas proposital – a pessoa elege o que quer ouvir, presta atenção no que lhe interessa, assim fazendo abstração de tudo o mais que lhe não possa parecer atraente, capaz de despertar qualquer atenção. Ouvidos moucos parece que é a constante em certos círculos de Poder, mais precisamente, no Tribunal Superior Eleitoral. Eis que os distintos Ministros dão a público uma bem elaborada e custosa campanha institucional, dizendo das virtudes de ser o voto melhor identificado, com a implantação do método da impressão digital, essa coisa toda. Ao que parece, o  que se visa é a progressiva eliminação de fraudes no ato de votar, ainda parece que constante em grotões... Mas, convenhamos, não é essa a voz que eclodiu das ruas, não faz tanto tempo assim. A juventude saiu, em coro, ecoou seu canto de guerra contra os corruptos de todos os matizes, de todos os segmentos, de todos os naipes. Há um consenso, gritado a plenos pulmões, de que a massa jovem não se sente representada, o que também contamina classes trabalhadoras, o cidadão comum. Ninguém hoje, de sã consciência, deixa de fazer coro aos reclamos de uma sociedade que se quer mais legitimamente representada. O xis do problema, então, senhores Ministros, não é  saber se João votou por Pedro, se Joaquim votou no lugar da mulher Maria, mas de saber como se começa o processo de demolição de um sistema eleitoral absolutamente corrupto, em que voto virou mercadoria, em que ações políticas estão, a mais das vezes, acopladas a interesses de grupos, não só de pequenos ou médios empresários, que se contentam em “colocar” um caminhãozinho na Prefeitura ou no Estado. Aí está o impacto das revelações do CADE que não deixam dúvidas de quanto e como se urdiram manobras para eliminar concorrências, para majorar preços, para onerar o Erário, isso em São Paulo e em Brasília, por enquanto. As administrações apontadas têm de responder à História, sobre todos nós aprendermos a lição de que não podemos mais seguir ungindo esse ou aquele político ou grupo, sem que haja um compromisso real de representatividade, no maior alcance que se possa querer. O resto, essa campanha, como outras e muitas outras, apenas se prestam a mascarar, a maquiar uma realidade - sinistra, absurda, imunda - que é exatamente o alvo dos reclamos dos jovens e da sociedade, neste preciso instante. * Artigo que nos foi enviado pelo advogado e colaborador da Folha da Manhã, Geraldo Machado.

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