Forte como ventania... Doce como brisa...
bethlandim 30/08/2013 23:13

Suas raízes vieram de longe! Vindo do Líbano, no pós-guerra, Sr. Cherdan, o seu pai, chegou a Miracema... Amigo dos amigos, adorava um bom papo, homem de palavra e de firmeza, membro da maçonaria... Sua mãe, Dona Badhia, faleceu quando ele ainda era bebê no parto do seu irmão, mas a maternidade de Dona Almaza o cobriu de carinho e afeto fazendo com que se sentisse imensamente amado, lhe entregando um legado, desde o berço, o de possuir imenso amor... Amor à vida, a profissão, a sua amada família e, sobretudo amor à Medicina, que exerce com tanta sublimação...

E então a brisa leve de Miracema o trouxe até nós... Jovem de apenas 14 anos, chegou a Campos, trazendo em sua bagagem determinação em vencer e muitos sonhos. Veio morar com D. Teresa e estudar no Liceu. Vida apertada, mas vida feliz... Em uma de suas passagens pelo Liceu, na pracinha jogando bola junto aos colegas e “matando aula”, o diretor foi até lá e o repreendeu. Ele então perguntou: “Porque o senhor está chamando minha atenção?”. E o diretor respondeu: “Eles são ricos, não terão as mesmas dificuldades que você caso não estudem e se tornem ótimos profissionais. Você tem que estudar, não tem recursos...” Este foi o primeiro e constante aprendizado entre inúmeros outros... A educação liberta...

Aos 17 anos passou em primeiro lugar para Medicina na UFF, mas optou por fazer sua graduação na UERJ, onde poderia morar na casa de um tio na Tijuca, proprietário de um armarinho. E então, para ajudar nas despesas, à noite, ele ajudava ao tio que também forrava cintos, nos acabamentos... Nesta época de acadêmico ele comprava grapete com pastel para almoçar e ainda guardava metade da garrafa para o jantar... Aluno brilhante na UERJ, sempre teve enorme facilidade para aprender, com um raciocínio rápido e certeiro, ele iniciou os seus plantões no Hospital Pedro Ernesto, em Vila Isabel.

Nesta ocasião já tinha conhecido a “sua” Mary... Com a desculpa de perder o ponto do ônibus que deveria descer para chegar a casa, foi nos bailes, do Instituto de Educação na Tijuca, que esta história de amor e de vida teve início. Enquanto acadêmico de Medicina realizou o seu Internato no Hospital Souza Aguiar, no Centro do Rio, onde teve experiências inusitadas e enriquecedoras. Recém formado foi chamado para servir na Marinha e ainda fazia residência médica. Mas como as tempestades, que fazem os carvalhos aprofundarem suas raízes, os bons ventos o trouxeram de volta para fincar as suas raízes sólidas e firmes em nosso chão... Um ano depois foi chamado para dar plantão no Hospital Ferreira Machado, onde permaneceu por 25 anos, atuando no setor de Tuberculose. Viajava semanalmente para cá, aos domingos, até 1973, ano em que recebeu o convite para lecionar Clínica Médica na Faculdade de Medicina de Campos.

Mudou-se então para Campos com Mary e Kiko, e aqui formou sua linda família com a chegada das filhas Érika e Camila e depois a nora Renata e a encantadora neta Carol... Este espaço é pequeno para revelar toda a sua história de vida... Um homem que não tem hora nem lugar. Professor há 42 anos e médico de homens e de almas, temos certeza que deixa marcas indeléveis em seus alunos com sua sempre insaciável vontade de aprender e de ensinar. Um homem que não asfixiou sua criança interior, sempre sério, às vezes até sisudo. Possui uma criança totalmente pura e arteira dentro deste imenso coração que, em muitas horas, deixa aflorar no seu largo sorriso sincero e verdadeiro. Um homem puro, que fala com toda sinceridade tudo o que pensa! Assim é Dr. Maron! Seus olhos claros são para nós como um farol, mirando a luz da vida a cada amanhecer. Lutando através do seu conhecimento, da sua arte que é a medicina, mas acima de tudo, lutando com a força de sua humanidade, por cada instante de vida. Médico respeitado e professor altamente exigente.

Por toda a sua vida que não cabe nestas breves linhas, o ISECENSA, diretores, professores, funcionários, alunos e toda a nossa Campos, juntos temos a honra de te homenagear com o Laboratório de Unidade de Terapia Intensiva Cardiorespiratória Dr. Maron El Kik, o segundo de todo o Estado do Rio de Janeiro, que estaremos inaugurando neste mês que se inicia, no ISECENSA, para retribuir toda a sua dedicação aos alunos, pacientes e a ciência da Medicina que você tão bem representa. O laboratório contará com ventilador mecânico, monitor cardíaco para monitorar freqüência cardíaca, pressão arterial e traçado de eletrocardiograma e com pulmão artificial, possibilitando, desta forma, a simulação de um paciente de UTI.  Este laboratório confirma a busca do ISECENSA pela excelência do aprendizado dos seus alunos.

Você, Dr. Maron, não é imorrível, mas já se tornou um imortal, pois deixa em cada um de nós as marcas do seu aprendizado e de sua ciência. Cada aluno que passa por você leva dentro de si a lembrança da exigência, mas carrega um aprendizado inesquecível e altamente humano.

Forte como uma ventania, você luta bravamente através da sua arte de medicar e de ensinar, nos trazendo a doce e leve brisa que chega até nós como se fosse o raiar de um dia, cheia de luz para clarear e acender os candeeiros de nossa existência.

Com afeto,

Beth Landim

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