Hoje Na curva: "Quando o amor perde a graça"
Suzy 10/07/2013 21:37
  Quando o amor perde a graça   Talvez pior ou mais penoso do que o amor acabar seja ele perder a graça. O amor, por si só, tem que trazer com ele a graça de sentir, a graça de estar vivendo aquele sentimento. E quando se perde isso, é quase como conviver com uma caixa de cartas antigas, que não conseguimos nos desfazer pelo tanto que já foram importantes um dia. Ficam lá, em um cantinho juntando poeira, à espera do dia em que, numa faxina mais drástica teremos coragem de, enfim, jogarmos fora, colocarmos fogo, partir em mil pedaços. Não. Com certeza não. Um amor que perde a graça perde, principalmente, a intensidade. Se ainda fosse intenso, jogaríamos longe, queimaríamos na fogueira da raiva, alimentada, quem sabe, pelo oxigênio do ciúme, da dor, do desamor. Se esse amor não fosse, então intenso, e tivesse acabado – fim quase natural do que, realmente, não era amor. Simplesmente ficaria ali de lado e, quando um email chegasse, você pensaria: “O que? Tenho essa caixa de cartas velhas e empoeiradas?”... E o destino seria o lixo. Que fossem para longe, alegar a vida de outro alguém. Mas o que fazer quando o amor perde a graça e ele foi tão lindo, tão intenso, tão verdadeiro, tão amor que você não sabe como agir? Vez por outra, limpa a caixa de cartas antigas, relê, sorri novamente e ainda sente um sopro do tudo que já viveu. Jogá-la fora, ou ao amor, seria admitir que chegou ao fim ao que parecia eterno. Um amor com graça é aquele que faz você sorrir ao ouvir uma música ou gargalhar num filme de drama, ao lembrar um comentário fora de hora. Um amor com graça é aquele que faz os olhos brilharem sem motivo aparente, que traz um sono gostoso ou a delícia de querer dormir, mas não abrir mão de momentos especiais, de conversas intermináveis. Um amor com graça é leve, saudável, ainda que tenha tudo para não ser. Naquele mundo especial, criado por duas almas que se encontraram ao acaso, por dois corpos que continuam a reagir até pela força de um fraco pensamento, tudo é possível. Até o amor. Por isso, quem sabe, seja tão difícil abrir mão dele, escrever outras cartas, ler outras mensagens, seguir em frente. E fica ali, tempo após tempo, tentando recuperar o sonho, reviver a realidade, sorrir sem causa com o coração aquecido em meio ao inverno, quando estiveram juntos pela primeira vez.  

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    Suzy Monteiro

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