O MEU PAÍS
lucianaportinho 14/07/2013 21:56
O MEU PAÍS Vim ao Rio de Janeiro estar com a família, amigos e comemorar os 85 anos daquela que me introduziu na vida. Minha mãe, Marilú Portinho. Com ela aprendi alguns dos possíveis caminhos, me deu berço, me ensinou a ter fair-play, a gostar do comer e do beber, a enfrentar o cotidiano com galhardia. Penso que retribui minha contrapartida ao chacoalhar-lhe boa dose de inquietude, ao despertar-lhe por minha insubmissão, ao propor-lhe conversa franca permanente, e partilhar de minha maneira destemida de ser mulher. Capítulo à parte, o Rio palpita. Retrata bem a realidade dos três –tantos- brasis. A vida da classe média da Zona Sul segue no confortável lazer que lota bares, restaurantes, teatros e cinemas. Assisti à peça “O Auto da Compadecida” de Ariano Suassuna, no Teatro Ipanema. Montagem enxuta, elenco expressivo, retrata a histórica hipocrisia corrupta da sociedade brasileira cujos valores transitam determinados pela grana (poder). É hilária, é nacional, universal. Ir e voltar de táxi é se dispor a jogar uma isca ao motorista e colher um puçá repleto de insatisfação. Depois das manifestações de junho a alma carioca é paiol de pólvora. Nunca na história deste país as mães das autoridades políticas foram tão avacalhadas seja da presidente, dos governadores, dos prefeitos e dos nobres parlamentares. A proposta de soltar uma bomba e explodir todos, ouvi mais de uma vez. Um simples nada simples casamento da filha de um mega empresário de transporte atrai manifestantes que xingam os convidados. Vestidas de noivas, manifestantes investem com agressividade para cima. Está difícil o trafego de comitivas na cidade do Rio de Janeiro, vem helicóptero sobrevoando, batedores da força estadual, da força nacional, a população indignada contra tudo contra todos urra, ladrão, fdp, quando elas passam. Uma bela tarde ensolarada de inverno, com a sensação preocupante de que pode vir mais. A corda foi esticada pela soberba dos poderosos indiferente ao pulsar do brasileiro. Nenhum alarde, só a constatação de que tangenciamos o ingovernável. Luciana Portinho  

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