Até breve Brasil !
Murilo Dieguez 29/07/2013 00:24
Papa pede mudanças sociais no Brasil, mas evita temas polêmicos Rio de Janeiro, 28 jul - O papa Francisco terminou neste domingo sua visita ao Brasil, a primeira viagem internacional de seu pontificado, convocando a Igreja para que se transforme em um agente de mudança social por 'um mundo novo', mas evitou os temas mais polêmicos, como o aborto, a pedofilia e o casamento gay. O pontífice admitiu as falhas da própria Igreja para essa missão e pediu aos bispos que reconheçam os motivos pelos quais [caption id="" align="alignright" width="597" caption="Papa Francisco em N. Sra. Aparecida"][/caption]perderam fiéis, que é o caso do Brasil, onde o volume de católicos caiu na última década, mas continua sendo o país com maior número de seguidores da fé católica no mundo. O próprio papa se perguntou se a Igreja não tinha se transformado em 'uma relíquia do passado', 'muito fria' e 'prisioneira de sua própria linguagem rígida'. Foi uma mensagem de renovação que transmitiu não só com suas palavras, mas também pela forma como conduziu sua visita de sete dias ao Brasil, que causou dores de cabeça aos responsáveis por sua segurança. Francisco viajou em um papamóvel sem proteção nos laterais; bebeu o chimarrão que lhe foi oferecido por peregrinos na rua; beijou muitas crianças e usou um carro utilitário ao invés de um automóvel de luxo. Nesse carro fez o percurso entre o aeroporto e a catedral no dia em que chegou com o vidro da janela abaixado, apesar de passar por uma região de favelas, e também não levantou o vidro quando, por um erro na rota de seu veículo, ficou preso em um engarrafamento e foi cercado por fiéis que tentavam tocá-lo. Foram gestos de um homem que disse que quer uma Igreja que não apenas se dedique aos pobres, mas que seja humilde. Hoje, afirmou que os bispos devem ser pastores próximos das pessoas, simples e austeros, 'homens que não tenham psicologia de príncipes, que não sejam ambiciosos'. Francisco foi ouvido por 45 prelados da América Latina. O pontífice pregou a mudança em um país, o Brasil, que clama por ela, como mostra a onda de protestos que o país vive desde junho, a maior em décadas. Em seu auge, até 1,2 milhões de pessoas saíram às ruas em um único dia para pedir melhores serviços de saúde e educação, e para protestar contra a corrupção, entre outras reivindicações. O papa revelou sua simpatia por essas manifestações em uma visita a uma comunidade carente na última quarta-feira, quando afirmou que ninguém pode permanecer indiferente diante das desigualdades sociais e que os jovens devem lutar contra a corrupção e a injustiça. Em seguida, se dirigiu à elite brasileira, em reunião com autoridades no Theatro Municipal, onde defendeu um 'diálogo construtivo'. 'Ou se aposta pela cultura do encontro, ou todos perdem', disse o papa, que acrescentou que 'entre a indiferença egoísta e o protesto violento, sempre há uma opção possível: o diálogo'. O pontífice deseja essa aproximação social também para a própria Igreja. 'Quero confusão nas dioceses, quero que a igreja vá para as ruas', disse em um encontro com peregrinos argentinos. Em relação aos participantes da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o evento que o trouxe ao Rio de Janeiro, os encorajou a superarem a apatia, a oferecerem 'uma resposta cristã para as inquietações sociais e políticas' e que os jovens sejam os protagonistas das mudanças sociais. Mais de 3 milhões de pessoas ouviram hoje sua mensagem em uma missa que lotou os quatro quilômetros da praia de Copacabana, onde o grito mais frequente foi: 'Esta é a juventude do papa'. Mas essa juventude é em geral mais liberal que a ortodoxia eclesial, segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha com participantes da JMJ. Assim, 65% dos jovens consultados defenderam o uso de preservativos e 53% da pílula anticoncepcional. Duas jovens peregrinas da JMJ inclusive se uniram no sábado à chamada 'Marcha das Vadias', na qual mulheres com roupas provocativas e de topless protestaram contra os abusos sexuais e em favor do aborto. O pontífice evitou entrar nesses temas polêmicos e também não mencionou os abusos de menores cometidos por sacerdotes, um escândalo que abalou a imagem da Igreja nos últimos anos em todo o mundo. O mais perto que chegou desse assunto foi quando reconheceu as falhas do clero. 'Com a Cruz, Jesus se une aos muitos jovens que perderam sua confiança nas instituições políticas porque veem egoísmo e corrupção, ou que perderam sua fé na Igreja, e inclusive em Deus, pela incoerência dos cristãos e dos ministros do Evangelho', afirmou. Agencia EFE

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