As manifestações país afora
Christiano 18/06/2013 21:52

O Brasil está tomado por manifestações populares em suas principais cidades. O movimento se iniciou em São Paulo e se alastrou por todo país, concentrando ontem, no Rio, 100.000 pessoas. Campos também aderiu às manifestações, com o simpático e pacífico "Cabruncos Livres" (veja fotos aqui, no blog de Gustavo Matheus), que fez passeata ontem pela cidade.

Tudo começou com o aumento de R$ 0,20 na passagem em São Paulo, que passou de R$ 3,00 para R$ 3,20, um reajuste de 6,67%, praticamente o IPCA, índice oficial de inflação do governo, acumulado. Em condições normais de reajustes de contratos para cobrir custos crescentes, nenhuma grande anormalidade.

Daí a estranheza inicial de muitos em compreender as manifestações, conotando-as como políticas. Ocorre que os tais R$ 0,20 foram uma gota d´água para despertar e colocar para fora o sentimento de revolta dos brasileiros com o sistema político do país, a corrupção deste sistema e a absoluta falta de retorno do poder público, em todas as esferas (federal, estadual e municipal), aos impostos e taxas pagas.

Contribuiu muito para o estopim o momento que o Brasil vive de pré-Copa, com volumes imensos investidos em estádios com dinheiro público, em sua maioria superfaturados e que irão virar elefantes brancos após as Copas da Confederações e do Mundo. Um contraste para a ausência de condições mínimas do poder público em saúde, educação, transportes e infra-estrutura.

As redes sociais tiveram papel determinante nas manifestações, sendo um instrumento de comunicação e de agregação de milhares de participantes em uma velocidade impressionante, suplantando a mídia tradicional como meio de disseminação.

O brasileiro em geral está saturado de nossos políticos, do seu carreirismo visando poder e/ou o seu bolso, da corrupção do sistema que os elege e os perpetua, dos seus super salários e benefícios sem fim, dos impostos pagos sem retorno e da falta de saúde, educação e transporte de qualidade.

Burro será o político que não ouvir as ruas e tentar se excluir do baralho. Estão todos eles nele. De todas as correntes, de todas as esferas, do executivo e do legislativo. De todos os partidos, que estão cada vez mais iguais e foram devidamente excluídos pelos manifestantes, mesmo os nanicos entrões.

A mobilização liderada por jovens estudantes é uma grata surpresa e é a primeira em 21 anos, desde os caras pintadas do Fora Collor, que tiraram o então presidente do poder, empurrando a Câmara dos Deputados para o seu impeachment. É em sua grande maioria pacífica, prega a não violência e tem o meu total e irrestrito apoio.

Porém, tem o meu repúdio a minoria de baderneiros que tem se infiltrado no movimento como laranjas podres somente para atacar, pichar e depredar instalações físicas públicas e privadas, destruir patrimônio histórico, atacar policiais com paus, pedras e outras armas e atirar coquetéis molotov em prédios. Estes são bandidos, tais quais os de torcidas organizadas, e seu lugar é na cadeia, junto com políticos corruptos.

Grandes mudanças muitas vezes começam com uma gota d´água, com um fato sem grande relevância, que serve para despertar um sentimento de animosidade já acumulado. Foi assim na I Guerra Mundial, iniciada após o assassinato do arquiduque e herdeiro do império austro-húngaro Francisco Ferdinando, e na Independência dos EUA, após a aprovação da Lei do Chá pelos ingleses.

Que esteja a caminho mais uma grande revolução.

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    Christiano Abreu Barbosa

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