Automedicação: risco não calculado
lucianaportinho 09/05/2013 15:19
O governo do Estado do Rio de Janeiro decretou, esta semana, uma lei que institui a campanha de esclarecimento e combate à automedicação. A conscientização da população será feita por meio de palestras e distribuição de folhetos informativos e explicativos na rede estadual de ensino público e na de saúde. Será também veiculada em rádio e televisão. A campanha poderá se prolongar além da “Semana de Conscientização e Combate à Automedicação”. Para o neurologista Makhoul Moussallem, membro do Conselho Federal e Regional de Medicina, a prática da automedicação é indesejável sob qualquer ponto de vista, pois medicar supõe conhecimento técnico. “Não recomendo. O paciente que se automedica desconhece os efeitos colaterais que qualquer medicamento possui. Caso conhecido é o uso indiscriminado, por conta própria, de psicotrópicos sem receita médica. O usuário se torna um dependente; quando decide parar, o faz de repente, e vem o chamado ‘rebote’. Não é desejável sob qualquer aspecto, nem o próprio médico deve se automedicar”. [caption id="attachment_6217" align="aligncenter" width="450" caption="Ft. Folha da Manhã"][/caption] Teoricamente, a venda de medicamentos tarja vermelha requer prescrição médica. Segundo a Anvisa, esses remédios correspondem a 65% do mercado de medicamentos, e, na prática, são vendidos sem apresentação de receita, fato que favorece o processo equivocado. A legislação sanitária exige apenas a apresentação da receita médica no ato da compra. As farmácias não são obrigadas a retê-las, mas, na prática, acabam por não exigir a apresentação delas. O gastroenterologista e secretário municipal de Saúde, Geraldo Venâncio, destaca o quanto foi acertada a venda controlada de antibióticos no país. “Vigora uma prática entre a população de buscar orientação com o vizinho, com o profissional da farmácia, com o parente. É o mesmo risco da automedicação. É importante que se tenha a exata dimensão do perigo no uso irregular dos medicamentos, como nos de uso continuado. Por vezes, o médico ajusta a dosagem. Ocorre um prejuízo ainda maior com os idosos. Depois dos 80 anos, é comum que sejam portadores de alguma lesão renal mínima”. Preocupação maior com a Terceira Idade De acordo com o diretor da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Rubens de Fraga Júnior, do total de idosos que dão entrada em emergências de hospitais nos Estados Unidos, 30% são internados pelo mau uso de remédios. O Brasil não fica distante, ainda que não existam estatísticas relacionadas ao assunto. “Costumamos dizer que o idoso tem mania de se automedicar”, diz Fraga Júnior. Ele conta que os idosos tomam remédios de forma indiscriminada. Às vezes, ficam esquecidos, têm tonteiras, sofrem quedas e a família acha que é normal para a idade. “Na realidade, podem ser sintomas de reação adversa ao uso errado dos medicamentos, o que pode levar à morte”, afirma, ressaltando que, com o passar do tempo, o metabolismo sofre muitas alterações. De acordo com o médico, 30% dos medicamentos vendidos hoje no Brasil são consumidos por idosos que erram ao repetir a medicação sem consentimento médico. Luciana Portinho
Folha Saúde, quarta-feira, oito de maio.
   

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