O carnaval acabou, sem divulgar quanto custou
lucianaportinho 29/04/2013 20:21
Há gente que vive em Campos, por escolha. Gente que construiu família e tem amigos com os quais aprende, com os quais se troca. Sou uma delas. Viver em cidade média tem vantagens. Uma das desvantagens é a dificuldade ao fazer uma avaliação sem que melindre um dos nossos. Ossos do ofício de quem usa a cabeça e pensa. Falarei de tema espinhoso, mexe com alguns dos que admiro e respeito, gente que gosta de Arte, como eu. Nada pessoal, por favor. Terminou o Campos Folia 2013, o carnaval fora de época que se realiza depois da quaresma e antes do mês das noivas. Como festa popular agregadora social que foi um dia, morreu, no presente ainda não ressuscitou. Nem mesmo o bonito Cepop, com sua iluminação no pique e boa estrutura foi capaz, até agora, de dar um sacode na nossa folia que disputa com São Paulo o título do carnaval mais sem graça do Brasil. Três dias de desfiles que podem ser reduzidos a dois, para tentar dar densidade ao evento. É regra: quando você cria um grande palco junto tem que criar uma grande peça. Falta volume, movimento, calor de conjunto na passarela. Fui a trabalho, cobrir para o Folha Dois o último dia. Com boa vontade, não mais do que cinco mil pessoas. Frias, assistiram passar escola por escola. É visível o esforço dos envolvidos em melhorar o carnaval. Por parte do poder público, que mais uma vez soltou a verba tratada, contratou serviços gabaritados, recebeu a imprensa com profissionalismo, sanitários limpos, e uma programação visual simpática - alusiva ao Coronel do José Cândido de Carvalho. Erra feio a PMCG ao não divulgar claramente o quanto custou ao bolso do contribuinte a brincadeira. Onde há fumaça, há fogo. Bobagem que só atiça a vontade de descobrir o que é de direito da população, ainda mais quando esta recente foi às ruas, chamada a defender os royalties. Atitude atrasada, que só desagrada aos 495 mil campistas que não quiseram participar. Na pista não se viu mais aquelas fantasias de TNT, mas, ainda há alas sem fantasia, sem sapatos, de chinelos, vestes menores que o figurante ou maiores a lhe atrapalhar a evolução. Algumas escolas foram mais ousadas e criaram. Outras lamentavelmente se arrastaram pela pista. Falta unidade e gingado no corpo do carnaval campista, como um pão sem miolo ou um bolo de aniversário sem recheio. Mesmo as escolas cariocas que são chamadas como atrativo de público me decepcionaram. Vi passar a Unidos da Tijuca do morro do Borel.Vieram em 200! O que representa 200 figurantes para uma escola que tem 4500? Nem 5%. Perde a força, não tira ninguém de casa. Tomei um susto. Fiz questão de contar, 12 baianas! Com tão poucos a explosão em pista não acontece, parece um daqueles shows antes do jantar de um turista europeu. Como disse, estive lá, ontem, no domingo, a tempo de ouvir o discurso da prefeita Rosinha Garotinho, de longo rosa, penacho de plumas rosa, não olhei para os pés (sic). Como é de domínio público, ela não perderia a oportunidade de uma fantasia, até a revista Época, percebeu que ela adora uma. Bom, o discurso começou grandiloquente, “O nosso Carnaval é Regional”; passou pelo desdém, “ Não me preocupo com opinião de inimigo”; no final jogou nas costas dos carnavalescos locais o que falta para o Campos Folia: público, “Em Cabo Frio ninguém reclama que é fora de época, só aqui”.  

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    Luciana Portinho

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