Há mais de um caminho certo...
bethlandim 22/04/2013 14:57

Nos conta J.M. Ryan em seu livro O Poder da Paciência ...

“Don dirigia o carro comigo ao seu lado. Ao aproximar-se de um cruzamento o sinal ficou amarelo. Em vez de acelerar, ele parou. Suspirei. Você conhece bem esse tipo de suspiro. É aquele dos casais que estão juntos há muito tempo e que significa: “Você está tentando me irritar, mas eu não vou discutir.” O sinal abriu e Don avançou, mas devagar do que eu teria feito. Suspirei de novo. Ele entrou em um estacionamento. “Olha uma vaga”, eu disse, apontando para a primeira que apareceu. Ele continuou dirigindo, procurando uma mais próxima do lugar onde íamos. Suspirei.

Mais tarde, refleti sobre aqueles suspiros e os milhares de outros que dei nos dez anos em que estamos juntos. Não é agradável ficar impaciente com a pessoa que você ama. Então, por que isso acontece comigo com tanta freqüência? De repente, descobri o que era – aquilo acontecia porque eu acredito que há apenas uma maneira correta de fazer qualquer coisa. A minha maneira.

Dentro de mim há um sabe-tudo que fica o tempo todo julgando as pessoas que me cercam. E não estou me referindo apenas a coisas importantes, como moralidade e ética. Estou dizendo que tenho a tendência de julgar negativamente alguém por parar em um sinal amarelo, por escolher um trajeto que eu acho mais longo, por só abrir a bolsa para pagar o supermercado depois de receber a nota!

Nestes momentos a sabe-tudo me domina e fico exasperada. Tudo precisa ser feito como eu quero, quando eu quero; caso contrário fico danada.

Hoje consigo perceber que, quando somos racionais, podemos ver que existem muitas maneiras de fazer as coisas. As pessoas ao nosso redor são diferentes de nós, graças a Deus, e portanto é óbvio que irão agir de maneira diferente. De maneira diferente, e não melhor ou pior. Quanto menos tempo gastarmos julgando-as, mais felizes ficaremos. Além disso, é sinal de respeito e valorização deixar que as pessoas ajam como querem e em seus próprios ritmos. Mostramos assim que sabemos que elas são capazes e que apreciamos suas habilidades.

No entanto, tenho que lutar constantemente contra a minha parte crítica, pois ela é muito forte e passei muito tempo alimentando-a. Comecei a enfrentá-la quando formei uma dupla com uma amiga que tem um traço semelhante. Conversamos muito e nos apoiamos, o que ajuda a nos darmos conta das vezes em que nos achamos superiores às pessoas que nos cercam e queremos impor nosso caminho.

Mas o que mais contribui para segurar minha impaciência nesses momentos é perguntar-me: “Você acha que é Deus”. Isso me faz lembrar que não sou infalível e me ajuda a acertar o passo de dança com todos que me cercam – a dança do dar-e-receber que retrata a verdadeira relação de amor com o outro.”

 Que possamos ao ler este trecho tão significativo refletirmos bem dentro de nós sobre a nossa forma de enfocar tudo o que nos cerca ao longo do caminho. Será que nos comportamos como deuses? A maturidade nos faz repensar muitos momentos já vividos e nos faz ver com outros olhos as pessoas ao nosso entorno. Nos faz acordar enquanto é tempo para a riqueza individual de cada ser humano. Cada um tem suas características próprias, que podemos concordar ou não, mas temos o dever de evitar o terreno pedregoso dos julgamentos, que em muitos momentos nos levam a nos imaginarmos superiores aos que nos cercam... grande ilusão... ao passo que um dos grandes tesouros do nosso momento precioso é a dança do dar-e-receber...

Que a riqueza da vida com seus momentos de subida e descida, altos e baixos, flores e pássaros, mares e rios, solidão e riqueza de amigos, fé abundante e questionamentos, risos e lágrimas, tumulto e paz... nos faça acelerar o nosso despertar de que somos alavancas onde quer que estejamos, e que ao invés de suspiros devemos emitir sorrisos, abraços, apertos de mão...

Procuremos levar uma vida melhor, começando por um reavaliar das nossas relações com os que nos cercam, das nossas cobranças com o outro, com a forma como o outro faz ou deixa de fazer, pela sua forma de olhar o mundo. Podemos ser sempre pessoas muito especiais na vida de todos que estão ao nosso lado, porque então não exercitarmos esse dom desde “ontem”?

Com o exercício contínuo dos dons sagrados que recebemos de Deus podemos nos melhorar a cada tempo e a nossa melhora irá fazer com que os que estão conosco também procurem evoluir, caminhar melhor, reclamar menos e viver mais intensamente, deixar as coisas pequenas de lado e buscar com intensidade ser melhor a cada dia... na diversidade das trilhas do caminho.

Pense nisso e faça o seu caminho “certo” da melhor forma que puder fazer...

Com afeto,

Beth Landim

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