No Parque Imperial II, bairro afastado da área central de Campos, os moradores se sentem esquecidos pelo poder público e as aflições parecem não ter fim. A principal preocupação da comunidade é em relação à infestação da dengue, em meio ao quadro de epidemia que a cidade enfrenta. De acordo com moradores, é comum ver no bairro caixas d’água descobertas, que podem servir de criadouro para o mosquito Aedes aegypti e terrenos abandonados com mato alto e entulho acumulado, descaso já apontado há cerca de dois meses, quando a Folha esteve no local. O problema, segundo os moradores é mais grave na rua Doutor Luís Carlos Barros Viana.

— O que vemos é muito entulho e água parada nesses terrenos, o que é um absurdo. Com esse andaço de dengue em nosso município, nossa preocupação aumenta como os entulhos aumentam. A coleta de lixo acontece corretamente, o que falta é bom senso de algumas pessoas daqui — ressaltou a enfermeira Sueli Silva, 63 anos.

Alguns terrenos também ostentam caixas d’água destampadas e até uma piscina em manutenção. “Nosso bairro tem muitas crianças, e é claro que ficamos preocupados. A dengue só piora em Campos, como ficarmos tranquilos? Pensamos que, após a matéria que a Folha fez aqui em janeiro, algo fosse ser resolvido. Assistimos ao fumacê passar, mas o problema não é cessado”, disse a dona de casa Marlene Gomes, 47 anos.

A ausência de uma creche e de um posto de saúde são outras deficiências antigas apontadas pelos moradores do Par- que Imperial II, que são obrigados a recorrer a unidades de outros bairros.

— Termos sempre que nos deslocar a outros bairros não está certo. Ficamos dependentes, e nos sentimos esquecidos. Tínhamos que ter uma creche aqui para colaborar com as mães e um posto de saúde para atender ao nosso bairro — afirmou a dona de casa Maria Celi, 77 anos.

Se não bastasse a falta desses investimentos, os moradores ainda reclamam do mau cheiro em bueiros e do difícil acesso ao bairro pela rodovia RJ 216. “Quantas vezes eu mesma limpo, para evitar o cheiro ruim que sai desse bueiro”, comentou Maria Celi.
Quanto ao acesso ao Imperial II, os moradores afirmam que foi prejudicado pela obra de duplicação da RJ 216. “Deveria ser feito algo favorável ao tráfego dos pedestres. Construíram uma escada mal feita para passarmos. De que adianta? O fluxo nela é intenso e pode ocasionar acidentes”, relatou a enfermeira Sueli Silva.

A Prefeitura de Campos foi contatada pela Folha da Manhã, mas, até o fechamento desta edição, não havia dado retorno sobre os questionamentos relacionados aos problemas enfrentados pelos moradores do Parque Imperial II.

Segurança no bairro é alvo de elogios:

Dois pontos positivos destacados por quem reside no Parque Imperial II são a segurança e a rede de esgoto. “O bairro é tranquilo e gostamos de morar aqui. Muitos policiais moram aqui também, o que deve colaborar com a harmonia que encontramos. Nosso bairro permite que as crianças brinquem nas ruas de noite, e não vemos assaltos ou coisa parecida”, contou Willian Santos.
A manutenção da rede de esgoto na rua Doutor Luís Carlos Barros Viana é motivo de satisfação para os moradores. Entretanto, nem sempre foi assim. “Precisamos fazer um protesto para a situação ser amenizada e algo ser feito a nosso favor. O cheiro era insuportável e alagava”, disse a enfermeira Sueli Silva.


Comunidade critica o transporte coletivo:

Para dar volume à lista de reclamações, o transporte coletivo ainda deixa a desejar, segundo a comunidade. Algumas pessoas afirmam que a insatisfação cresce a cada dia.
— É muito complicado o transporte coletivo aqui, e ficamos por horas no ponto. Muitas vezes, temos que nos deslocar para a rodovia e tentar outro meio. Pessoas aqui já perderam compromissos devido a essa escassez. Eu já perdi diversas vezes — ressaltou o autônomo Willian Santos, 28 anos.
A enfermeira Sueli Silva afirmou que a situação ainda piora. “Existem empresas que colocam microônibus para não dar direito ao idoso e às crianças que têm que ir às escolas”, disse a moradora.

Marcelle Salerno