Fotógrafo, Vc Sabe Precificar Seu Trabalho?
diomarcelo
Gostei muito do texto e achei que deveríamos fazer uma reflexão sobre nossa política de preço, aproveitem!!! Quando escrevi o artigo “Preço Baixo x Diferencial” muitos fotógrafos solicitaram que eu escrevesse sobre a formação de preços. Então resolvi fazê-lo, porém de uma forma diferente. Em vez de formular uma tabela, ou então passar algum tipo de cálculo para se chegar num valor ideal, resolvi escrever detalhadamente sobre os quatro itens que considero mais importantes na hora da formação de preço: a depreciação, o tempo, os custos fixos e o intangível. Preferi  adotar este método, de escrever sobre estes itens em vez de criar uma tabela, pois eu não sou nenhum especialista em economia, nem administração, então todos os meus apontamentos são fruto da minha experiência profissional, dos meus estudos no assunto e das conversas com outros profissionais (da área de fotografia e de outras áreas). Ressalto, de antemão, que as tabelas criadas por outros fotógrafos são de extrema valia e muito importantes para auxiliar na formação de preço, porém eu pretendo com este artigo é que o fotógrafo, seja iniciante ou profissional, compreenda melhor os aspectos que envolvem a formação do seu valor para o mercado. Vou começar falando sobre um item que todos nós temos conhecimento, mas que infelizmente quase não é levado em consideração pelos profissionais na hora de compor o custo de um trabalho: a depreciação. A depreciação Por depreciação entende-se: “o custo ou a despesa decorrente do desgaste ou da obsolescência dos ativos imobilizados” (fonte: Wikipédia). Um conceito simples, que não precisa de maiores explicações. Neste conceito de depreciação há dois tipos importantes de desvalorização a serem observados: desgaste e obsolescência. O primeiro, obviamente, dá-se pelo uso do bem. No caso da fotografia isso só ocorrerá no momento em que o fotógrafo estiver utilizando seu equipamento.  O segundo item ocorre em decorrência do tempo e da mudança da tecnologia, ou seja, o lançamento de novos equipamentos no mercado tende a derrubar o preço dos equipamentos mais antigos. A obsolescência dos equipamentos fotográficos é sempre maior nas câmeras do que nas lentes, e por um motivo também óbvio. As lentes pouco têm acréscimo de tecnologia de um modelo para o outro, normalmente a alteração é apenas da adição de estabilizador de imagem, o que deixa a lente um pouco mais cara. Diferente do que ocorre com a câmera, onde há alteração do sensor, processador, velocidade do obturador, etc.   No caso das lentes muitas vezes o lançamento de um novo modelo, e consequente retirada de linha do modelo antigo, acaba valorizando o valor de mercado desta. Cito como exemplo o caso das objetivas da Canon 24-70 f/2.8 L USM e EF 15 mm f/2.8 Fisheye, ambos modelos foram descontinuados pela fabricante, sendo substituídos por modelos mais modernos e com valores de aproximadamente mil dólares a mais para ambas objetivas. O que isso ocasionou? Uma supervalorização das lentes no mercado de usados, uma vez que estas objetivas são muito versáteis e muito procuradas. No quesito desgaste, a depreciação também sempre será maior para as câmeras do que para as lentes. O desgaste mais comum das objetivas é o de motor de foco, quando existente, seguido do temido fungo na lente (que está mais ligado ao modo de conservação do que ao uso). Já o desgaste da câmera é, obviamente, o do obturador, e aqui coloco um questionamento importante: Você já se perguntou quanto custa cada fotografia que você faz? Um erro comum é o de achar que a fotografia digital é mais barata, pelo fato de não existirem custos de laboratório para revelação. Pois este pensamento cai por terra quando verificamos que toda máquina digital possui um tempo de vida útil que é determinado pelo seu uso, logo, cada disparo realizado pelo fotógrafo possui um valor! Vamos a um breve cálculo do valor de cada disparo, considerando a câmera Canon 7D (somente corpo): - O valor médio no Brasil é de R$ 4,7 mil (considerei o valor mais baixo encontrado no site Buscapé). Na loja oficial da Canon Brasil o valor salta para exorbitantes R$ 7 mil. - A estimativa dada pelo fabricante é de que o obturador da câmera 7D chegue a 150 mil disparos. Logo, o custo por cada fotografia feita com a Canon 7D seria de R$ 0,03 (R$ 7 mil / 150 mil). Vamos considerar a hipótese de que em um casamento o fotógrafo faça 1,2 mil fotos, então neste caso somente o gasto de depreciação por desgaste seria de R$ 36, por casamento. Quanto ao valor da depreciação por obsolescência, consideraremos o percentual de 10% ao ano, portanto: 10% de R$ 4,7 mil = R$ 470 por ano de depreciação. Portanto, o fotógrafo terá uma depreciação média de R$ 39,16 por mês, mesmo sem utilizar a câmera. Caso faça uso dela, terá mais uma depreciação de R$ 0,03 por imagem produzida. A depreciação por desgaste da lente não pode ser considerada, já que não há forma de calcular o número de disparos x desgaste. Entretanto, a lente também possui a depreciação de obsolescência, que podemos considerar uma média de 5% ao ano.       Agregado à depreciação da câmera e lente, ainda há depreciação dos outros componentes, como flashes, que depreciam muito por desgaste, pilhas, cartões de memória e outros acessórios, além dos itens utilizados na pós-produção, como os computadores e suprimentos, que possuem uma depreciação por obsolescência muito maior do que todos os outros equipamentos. Para se chegar ao valor do montante que a depreciação representa no seu trabalho, aconselho elencar todos os equipamentos utilizados, aplicando as devidas depreciações, e dividindo isso pelo número de trabalhos realizados – ou por mês para se chegar a um custo fixo. Segue um exemplo considerando equipamento de um fotógrafo de casamento: Câmera Canon 5d Mark II Valor de mercado: R$ 7 mil Número de disparos: 150 mil Valor por disparo: R$ 0,046 Depreciação por obsolescência: R$ 700 anuais / R$ 58,33 mensais Câmera Canon 60D (câmera de backup) Valor de mercado: R$ 3,2 mil Depreciação por obsolescência: R$ 320 anuais / R$ 26,66 mensais Não considerei o valor por disparo, pois esta seria uma câmera de backup Flash 580EXII Valor de mercado: R$ 1,8 mil Depreciação de obsolescência e desgaste: R$ 180 anuais / R$ 15 mensais Neste caso, a depreciação por desgaste depende das variáveis: número de disparos e potência utilizada, não podendo se estabelecer um número exato ou aproximado de quantos disparos cada lâmpada de flash suporta. Flash 430EXII (backup ou para utilização como segunda luz) Valor de mercado: R$ 1 mil Depreciação de obsolescência e desgaste: R$ 100 anuais / R$ 8,33 mensais   Objetiva 24-70 2.8 USM L   Valor de mercado: R$ 4 mil (considerando o modelo antigo, portanto o valor de uma usada) Depreciação de obsolescência e desgaste: R$ 200 anuais / R$ 16,66 mensais (considerando a depreciação de 5% ao ano) Objetiva 70-200 2.8 USM L (sem estabilizador) Valor de mercado R$ 4 mil Depreciação de obsolescência e desgaste: R$ 200 anuais / R$ 16,66 mensais (considerando a depreciação de 5% ao ano) Objetiva 50 mm 1.4 Valor de mercado R$ 1,2 mil Depreciação de obsolescência e desgaste: R$ 60 anuais / R$ 5 mensais (considerando a depreciação de 5% ao ano) Cartões de Memória, Pilhas Valor de mercado: R$ 500 Depreciação de obsolescência e desgaste: R$ 25 anuais / R$ 2,08 mensais (considerando a depreciação de 5% ao ano) Computador, monitor, HDs externos Valor de mercado: R$ 4 mil (média estimada) Depreciação de obsolescência e desgaste: R$ 800 anuais / R$ 66,66 mensais (considerando a depreciação de 20% ao ano) Considerando os valores expostos acima, o fotógrafo teria um custo mensal de R$ 215,38 + R$ 0,046, por cada disparo efetuado. Os valores informados são estimativos, considerando os preços praticados no mercado brasileiro, e servem apenas para direcionar o cálculo de cada fotógrafo, que deve ser feito conforme a realidade dos valores gastos. Observações: - A obsolescência dos equipamentos fotográficos é relativa de acordo com a marca e modelo. Câmeras com boa aceitação no mercado tendem a desvalorizar menos, como é o caso da Canon 5D Mark II, que não perdeu muito valor no mercado de usados mesmo com o lançamento das câmeras 5D MarkIII e da full frame de entrada 6D. O ideal é que se faça uma pesquisa de mercado para verificar o valor de venda do equipamento usado, tendo assim uma média estimada.   - Os números citados de disparos por cada modelo de câmera são fornecidos pelas próprias fabricantes, muito embora os usuários relatem que os números ultrapassam – às vezes, o dobro -, que diluiria muito o valor depreciativo por desgaste. A possibilidade de efetuar uma troca de obturador, ampliando assim a sua vida útil, também é fator que dilui o custo da depreciação por desgaste, porém o custo deste reparo deve ser considerado no cálculo. - Um equipamento novo comprado no exterior sem o pagamento de impostos possui praticamente o mesmo valor de um usado no Brasil, portanto, sendo a compra feita desta forma o custo depreciativo diminui muito, uma vez que o equipamento poderá ser revendido, após uso, pelo mesmo preço que se pagou ou apenas um pouco abaixo. - Ao comprar um equipamento usado, saber o número de disparos é essencial para que se possa realizar o cálculo do valor de cada disparo. Dependendo do número de disparos de uma câmera é preferível investir num equipamento sem uso, a conta apresentada para chegar ao valor de cada disparo pode servir como referencial. - Nem todos os fotógrafos compram equipamentos no Brasil, em virtude dos altos valores de impostos, portanto para cálculo do valor de depreciação por obsolescência aconselho considerar o valor que você realmente irá pagar no equipamento, e não valores retirados da internet (considerei estes valores apenas para estimativa de custo). texto compartilhado do do site sobre fotografia de casamento - Blog Wedding
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Diomarcelo Pessanha

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