Samba:Patrimônio da Humanidade
lucianaportinho 22/01/2013 06:30
[caption id="attachment_5637" align="alignright" width="400" caption="Ft. Divulgação"][/caption] O que o oceano tem a ver com o Samba? Para Rogério Bicudo, músico campista que há 30 anos foi morar na Europa e divide a sua vida entre o Brasil e a Holanda há 10 anos, tem sim! É dos dois lados oceânicos que na música forjou-se o artista – popular na inspiração, erudito na técnica. Assim, para lá e para cá, tanto no plano geográfico quanto no plano da criação musical, Rogério Bicudo encontrou sua fórmula particular de bem viver, “Um local complementa o outro. Nunca fiz outra coisa na vida, vivo da música. A agenda nos dois continentes é feita com antecedência, dá para planejar”, afirma. O músico, casado há 21 anos com uma portuguesa, tem oito CDs lançados. Às vezes, se questiona de pouco ser convidado a se apresentar para uma plateia popular, no verão em Campos. “Não aceito a etiqueta de ‘intelectual’, eu só sou um músico, um artista. O último CD lançado ‘Sambanovo’ é só Samba, e Samba é um patrimônio da Humanidade”, diz Rogério Bicudo. ‘Sambanovo’ é por ele descrito como um CD resultante de a trajetória ao longo de 10 anos em convívio no ambiente da Lapa, com pessoas conhecidas no entorno de bares locais. É também fruto da parceria produtiva com o poeta/letrista Renato Fialho – Renato, segundo Rogério Bicudo, é homem de cultura vasta, um importante cronista do Rio de Janeiro, juntos tem perto de 40 composições dos diversos estilos: choro, ciranda, capoeira, afoxé e o ‘velho e bom’ samba - da intensa vivência com sambistas como Ivan Milanez, dos encontros musicais com Tony Botelho e Eric Calmes e das idas e vindas a Campos pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima que por vezes se estendeu a Marataízes. Rogério encontra sua inspiração na cidade do Rio de Janeiro, para qual vem com frequência, pois, como diz “é no amanhecer do caos que componho mais, lá fora não há surpresas, é uma vida muito organizada, sem espaço ao imprevisto”, no entanto, o violonista reconhece, “A técnica, mantenho ao estar lá. O ser humano é ser humano em qualquer lugar. Tenho uma temporada de concertos no exterior que é mais em janeiro; aproveito então os meses de junho, julho e agosto e trabalho mais aqui.” Ele fala de uma Europa, em recessão, “O primeiro setor a sofrer em momentos de recessão econômica é a Cultura. Sobra sempre para a Arte, mas, minha carreira é bem consolidada fora do Brasil”. Para o músico que tem parceiros também em Marataízes (ES), Minas Gerais e é claro em Campos, sua terra natal, o seu tempo é integralmente dedicado para a música. “Tirando o calor das amizades que me alimentam a alma, é muita transpiração. A música é o grande prazer, meu oxigênio, qualquer tempo livre eu dedico a ela”, frisa. Do reconhecido ‘Dicionário Cravo Albim da Música Popular Brasileira’, Rogério Bicudo tem lá seu registro. Dele, consta com a seguinte biografia: “Começou a tocar violão ainda menino, dedicando-se principalmente à música popular. Passou a infância no Espírito Santo. Aos 15 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde cursou a Escola de Música Villa-Lobos. Teve aulas de violão clássico com Odair Assad. Em 1982, viajou para a Espanha, onde estudou no Real Conservatório de Madri, com mestres seguidores da escola de Andrés Segovia. Participou também de cursos de música barroca e renascentista”. Referência que o músico traduz, “Minha trajetória inclui formação erudita, está presente na limpeza do som que eu tiro. O som soa erudito no acabamento, mas, minha alma, na síntese é popular”. Luciana Portinho * Capa da Folha Dois, de segunda-feira, 21/01/13.    

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