Em cidade média, é o ponto do buraco em que nos metemos. Hoje, uma tarde de quinta-feira, o Centro razoavelmente razoável; nem cheio e nem vazio. Um cidadão exaltado, trepado em cima da mureta de proteção do Pelourinho. Fazia um discurso inflamado sobre o nada e sobre o tudo. Desconexo do nosso entendimento. Não falava coisa com coisa à nossa compreensão. E gesticulava, dedo em riste, descia, tomava uma linha reta até a banca do calçadão, por ela retornava, concentrado na concatenação do discurso.
[caption id="attachment_5543" align="aligncenter" width="550" caption="Ft.Luciana Portinho"]
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Populares disseram que estava assim há mais de uma hora. Fico me perguntando quão frágil é o nosso limiar de racionalidade, ou então, o quanto suportamos de sofrimento sem que percamos a razão.
Sempre que me deparo com um caso desses – comuns em grandes aglomerados urbanos – me ponho a pensar, a querer compreender que condição de vida trágica é esta que criamos para nós humanos.