"Sem pedras na mão"
lucianaportinho 14/11/2012 23:47
O discurso de despedida do ministro Ayres Britto da presidência do Conselho Nacional de Justiça, feito na última terça-feira,  foi bem auspicioso. Emocionado, por ser ‘obrigado’ a se aposentar compulsoriamente, já que atingiu a idade de 70 anos, Ayres Britto aproveitou o foco da mídia nacional para fazer uma defesa pública de sua categoria profissional. Afirmou que o Poder Judiciário é a irmã feia da família dos três Poderes, “Somos o poder mais cobrado, o mais exigido e o menos perdoado” e emendou para evidenciar as restrições impostas aos membros do Poder Judiciário. “Não se pode fazer greve. Não se pode ter hora extra. Não tem cargo de confiança”. Daí para o assunto da remuneração foi um pulo. Segundo o ministro, ganham pouco em relação à responsabilidade social de guardiões da Constituição. “Sempre nos comparam com outros países. Mas, no exterior, o sistema de saúde não é pago, o sistema de educação não é pago. O valor de um carro lá fora é um terço a menos que o Brasil. Com um salário de U$ 10 mil, no exterior, se tem alta qualidade de vida”, frisou. Lembrei-me logo da celeuma local acerca do recente reajuste (legal) sobre os vencimentos dos futuros vereadores em Campos. Pelo jeito, o ministro não falou em causa própria. Como os provimentos do setor público se movimentam em cascata - de cima para baixo – é de se esperar que todos serão, mais uma vez, puxados. Pra cima. Destaco que tudo o que o ministro falou é real: a carestia cresce a olhos vistos, a carga de impostos brasileira é descomunal, o salário mínimo é aviltante. Nem ao menos, o estado brasileiro nos oferece Saúde gratuita, para viver. Amanhã, 15 de novembro, comemora-se o Dia da Proclamação da República. Falta muitíssimo para tirar o atraso em relação aos países do velho continente e mesmo aos primos ricos do norte. É tanto que nos falta, nos setores mais fundamentais da cidadania, que é melhor nem espichar o olho para eles. Fico com o dito pelo escritor e poeta moçambicano Mia Couto: “Não falo do futuro, pertence ao terreno do sagrado, só posso falar do amanhã”.    

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    Luciana Portinho

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