Marca de Amor...
bethlandim 21/11/2012 11:41

Um menino tinha uma cicatriz no rosto, as pessoas de seu colégio não falavam com ele e nem sentavam ao seu lado, na realidade quando os colegas de seu colégio o viam franziam a testa devido à cicatriz ser muito feia. Então a turma se reuniu com o professor e foi sugerido que aquele menino da cicatriz não freqüentasse mais o colégio. O professor levou o caso à diretoria do colégio.  A diretoria ouviu e chegou a conclusão que não poderia tirar o menino do colégio, e que conversaria com o menino e ele seria o último a entrar em sala de aula, e o primeiro a sair, desta forma nenhum aluno via o rosto do menino, a não ser que olhassem para trás. O professor achou magnífica a idéia da diretoria, sabia que os alunos não olhariam mais para trás.

Levado ao conhecimento do menino da decisão ele prontamente aceitou a imposição do colégio, com uma condição: que ele compareceria na frente dos alunos em sala de aula, para dizer o por quê daquela CICATRIZ. A turma concordou, e no dia o menino entrou em sala dirigiu-se a frente da sala de aula e começou a relatar: - Sabe turma eu entendo vocês, na realidade esta cicatriz é muito feia, mas foi assim que eu a adquiri: - Minha mãe era muito pobre e para ajudar na alimentação de casa minha mãe passava roupa para fora, eu tinha por volta de 7 a 8 anos de idade.

A turma estava em silêncio atenta a tudo. O menino continuou: além de mim, haviam mais três irmãozinhos, um de 4 anos, outro de 2 anos e uma irmãzinha com apenas alguns dias de vida. Silêncio total em sala. -... Foi aí que não sei como, a nossa casa que era muito simples, feita de madeira começou a pegar fogo, minha mãe correu até o quarto em que estávamos pegou meu irmãozinho de 2 anos no colo, eu e meu outro irmão pelas mãos e nos levou para fora, havia muita fumaça, as paredes que eram de madeira, pegavam fogo e estava muito quente... Minha mãe colocou-me sentado no chão do lado de fora e disse-me para ficar com eles até ela voltar, pois minha mãe tinha que voltar para pegar minha irmãzinha que continuava lá dentro da casa em chamas. Só que quando minha mãe tentou entrar na casa em chamas as pessoas que estavam ali, não deixaram minha mãe buscar minha irmãzinha, eu via minha mãe gritar: - “Minha filhinha está lá dentro!" Vi no rosto de minha mãe o desespero, o horror e ela gritava, mas aquelas pessoas não deixaram minha mãe buscar minha irmãzinha...

Foi aí que decidi. Peguei meu irmão de 2 anos que estava em meu colo e o coloquei no colo do meu irmãozinho de 4 anos e disse-lhes que não saíssem dali até eu voltar. Saí de entre as pessoas, sem ser notado e quando perceberam eu já tinha entrado na casa. Havia muita fumaça, estava muito quente, mas eu tinha que pegar minha irmãzinha. Eu sabia o quarto em que ela estava. Quando cheguei lá ela estava enrolada em um lençol e chorava muito... Neste momento vi caindo alguma coisa, então me joguei em cima dela para protegê-la, e aquela coisa quente encostou-se em meu rosto... A turma estava quieta atenta ao menino e envergonhada, então o menino continuou: Vocês podem achar esta CICATRIZ feia, mas tem alguém lá em casa que acha linda e todo dia quando chego a casa, ela, a minha irmãzinha me beija porque sabe que é marca de AMOR. Vários alunos choravam, sem saberem o que dizerem ou fazerem, mas o menino foi para o fundo da classe e imovelmente sentou-se. Para você que leu esta história, queria dizer que o mundo está cheio de CICATRIZ. Não falo da CICATRIZ visível, mas das cicatrizes que não se vêem, estamos sempre prontos a abrir cicatrizes nas pessoas, seja com palavras ou com nossas ações.

Lendo esta estória me emocionei com a pureza das crianças. É impressionante como as crianças  encurtam distâncias sendo sinceras, objetivas, puras de sentimento e aceitam a realidade  de frente. As crianças nos afetam com seu amor. Afetar, trazer significado ao nosso sentimento, dar sentido a vida, é fazer cicatrizes de marcas de amor. O menino desta estória se sacrificou no verdadeiro sentido da palavra, pois sacrificar significa o ofício do sagrado e o sagrado era sua irmã, era a vida, e não as convenções dos homens que não deixaram sua mãe retornar para salvar sua filha.

Nos dias de hoje, vemos tão poucas demonstrações de amor e afeto, que não podemos desperdiçar um exemplo tão significativo como este. Será que pelo menos uma vez por dia conseguimos afetar o próximo, o amigo, o nosso filho, namorado, marido, pai, mãe ou o desconhecido que passa por nós. Será que não nos colocamos no lugar do professor desta estória que foi passivo e lavou as mãos, ou no lugar dos colegas que foram egoístas e preconceituosos, ou ainda do diretor que imediatamente  julgou e apontou uma solução mais confortável para a maioria. Devemos sempre refletir, pois na maioria das vezes a unanimidade é burra ou vem de encontro a interesses pessoais.

Que possamos refletir que tipo de marca imprimimos em nossas relações e em nossa vida!

Com afeto,

Beth Landim

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