Agora sim: 3h28 em Buenos Aires, por Sérgio Rocha
Marcos Almeida 08/10/2012 19:31

Ele correu a maratona de Buenos Aires ontem (7/10), fazendo o seu personal best - para quem gosta de números e suas representações, parece que esta data, 7, representa algo, vide o também personal best do capitão Edú, aqui!

Na sua apresentação no blog da Revista Contra Relógio, tem o seguinte texto deste corredor mínimo (a palavra "mínimo" é relacionada ao seu calçado, já que enquanto corredor, "está podendo"): Sérgio Rocha é viciado em correr há mais de 10 anos. Além de ser editor de arte da revista, também atua como repórter da CR para justificar seu vício.

Vamos ao texto!

Em 2008, tinha feito 3h36 em Porto Alegre.

No ano seguinte, fui à Punta del Este para tentar melhorar essa marca.

Só que uma lesão, que tinha aparecido durante o treinamento, decidiu ficar crônica justamente na prova uruguaia. Ainda sim, completei em 3h47. A lesão era uma síndrome do piriforme e não queria sumir. Toda vez que pousava o CALCANHAR durante a corrida, sentia algo como um choque na região dos glúteos. Dei um tempo. Voltei a treinar mas o choque continuava. Decidi usar um Nike Free que estava empoerado no armário. Se “simulasse” a CORRIDA descalça, a biomecânica seria diferente e, quem sabe, não sentiria dores. Dito e feito. Passei a correr regularmente o Free. Comprei um Vibram Five Fingers e fui me adaptando. Cometi erros, corrigi uns, insisti em outros. Comecei a correr descalço também. O piriforme nunca mais deu seu sinal de existência  - ao menos a tal da síndrome. Ano passado já me sentia pronto para correr uma maratona de novo e fui para Porto Alegre. Tive câibras nas panturrilhas e abandonei. Decidi que deveria mudar o jeito que treinava e passei a receber orientações do técnico e agora grande AMIGO, Wanderlei de Oliveira. O resultados começaram a aparecer. Melhorei meu resultado na meia e cheguei perto de ser sub-1h40. Nos 10 km voltei a correr na casa de 45 minutos. Fiquei alternando entre disputar provas descalço e sandálias para no final descobrir que o melhor era sempre competir com o Five Fingers. Continuei treinando bem, mas o “pulo do gato” foi mudar algo que achava que não precisava – a alimentação. Depois de ler bastante coisa a respeito (Phil Maffetone, Tim Noakes, dieta do paleolítico, etc), conversar com alguns nutricionistas e trocar figurinhas com o Danilo Balu (que além de EDUCADOR Físico, também é nutricionista) decidi que ia tirar os carboidratos processados da minha alimentação. Pode parecer radical ou loucura ficar sem comer pães e macarrão, por exemplo. Eu tirei tudo que tenha farinha de trigo (integral ou não) da minha alimentação. Arroz, batatas e milho também estão de fora. Qualquer alimento que tenha sido industrializado também não entra no meu cardápio  - bolachas, massas de microondas, etc. Açucar refinado? Me dou o luxo de usar apenas no cafezinho. Minha alimentação passou a se basear em sementes, castanhas, ovos, saladas (muita salada), carnes diversas, azeite de oliva, muitas frutas e derivados de leite com o iogurtes e queijos. Tudo isso para que haja um baleanceamento do consumo de gorduras, proteínas e ácidos graxos com baixo consumo de carboidratos. Não, não tive crise de abistinência. Comparo a tirada dos carboidratos processados e alimentos industrializados da minha alimentação como a decisão de parar de fumar (é, sou ex-fumante). A explicação, a grosso modo, é a seguinte: os carboidratos processados causam aumento da produção de insulina no corpo, porque é a insulina que entra em ação para tranformar o carbos em glicose. Quando há excesso de insulina no sangue (causado por alto consumo de carboidratos) o metabolismo da glicose é prejudicado, ou seja, atrapalha o processo de armazenamento de glicogênio nos músculos e fígado, e esses carbos que eu consumia viravam gordura, empatando a conta. O pessoal chama  isso de “síndrome metabolica” e é, em geral, relacionada à obesidade, mas acontece com várias pessoas com peso “saudável” e uns dizem que é mais comum do que muitos pensam. No meu caso, portanto, o baixo  consumo de carboidratos associado aos alimentos que venho consumindo acabaram por balancear esse metabolismo fazendo com que o corpo pudesse me fornecer energia de forma mais eficaz e, de quebra, queimou o excesso de gorduras acumuladas. Devo dizer que isso se aplica ao meu caso. Nem todas pessoas tem essa intolerância à insulina. Há casos e casos e o ideal é que você converse com uma nutricionista para saber melhor a esse respeito, como eu fiz. Alías, se você for nutricionista ou saber mais sobre esse assunto, por favor, me corrija se eu estiver errado. E o que mudou? Bom, nesses 3 meses em que fiz essa mudança, emagreci 8 quilos e passei a treinar com um nível de energia que nunca tinha tido antes. Nesse interim, bati meu recorde dos 10 km (de 44:45 para 43:30) e da Meia-Maratona – de (1h40 para 1h37). O único recorde pessoal que perdurava era o da maratona. Foi com essa intenção que desembarquei em Buenos Aires na última sexta-feira. E agora sim, ao fazer 3:28:19, baixei 8 minutos do tempo que fizera em Porto Alegre há quatro anos atrás. Corri de Vibram Five Fingers e fiquei com as mesmas dores musculares que todos sentem após completar a prova – dificuldade para andar, subir e descer escadas, etc. Hoje, mais do que nunca, sinto que realmente não basta apenas treinar com dedicação. É necessário observar tudo o que entra na lista para se boas performances e de como nosso corpo dispõe e oferece energia para os exercícios. E saber que para isso não é necessário ficar tomando suplementos alimentares caros ou ficar no senso comum de que sem carboidratos não é possível correr bem, é no mínimo, intrigante. Carbo em gel? Sim, uso apenas durante a prova e só, até porque durante o exercício, a produção de insulina é reduzida. Depois tento escrever sobre a prova portenha. Nesse momento quero apenas permanecer com o sorriso no rosto. E basta.

Matéria na íntegra aqui!

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Marcos Almeida

    [email protected]

    Marcos Almeida é assessor esportivo, especialista em Ciência da Musculação e mestre em Ciência da Motricidade Humana.

    BLOGS - MAIS LIDAS