Belido analisa Gabriela
Christiano 29/10/2012 21:02

Guilheme Belido fez uma análise da nova versão da novela Gabriela, da qual fui telespectador assíduo e que teve o seu capítulo final exibido na última sexta-feira. O jornalista traçou uma aguçada comparação com a novela exibida em 1979, também pela Globo e que teve Sônia Braga no papel da bela morena. Confira abaixo:

Os coronéis mais Gabriela; gostei não! * Guilherme Belido Quem está na casa dos 50 anos como eu – um pouco menos ou um pouco mais – teve a chance de assistir a reapresentação da primeira adaptação do romance Gabriela para televisão. Foi em 1979, em reprise da própria Rede Globo. Bem entendido, não cuido aqui da qualidade da reprodução da obra de Jorge Amado para TV; mas sim da comparação entre a adaptação passada e a atual. A meu ver – e com todas as vênias aos que pensam diferente – o que assisti em 2012 foi uma boa porcaria relativamente à anterior. Senão, vejamos: O Ramiro Bastos original, vivido por Paulo Gracindo, era um coronel linha dura, autoritário e repressor – como a realidade dos velhos coronéis da Ilhéus dos anos 30 e 40. Mas também um homem de sabedoria, com noção de controle político e de estratégia. Encarnava o coronel sóbrio, de gestos contidos, com excepcional visão de autoridade e até mesmo uma certa dose de polidez subliminar. Sua vontade era lei, porém sem gritos e faniquitos. Era o líder austero de sua família e de seu grupo de apoio. Identificava na neta Jerusa (Nívea Maria) – e não nos filhos – sua personalidade forte e coragem. Mas a rebeldia, os ideais e os sonhos muito além de seu tempo fizeram com que neta e avô se distanciassem. Essa diferença, tida como desobediência, não retirou do velho Ramiro a admiração pela menina e vice-versa. Na noite de sua morte (totalmente ao contrário desta versão) o coronel vai ao quarto de Jerusa – que não estava presa em convento algum – e numa espécie de pedido antecipado de desculpas solta a seguinte frase: – “A vida é só fazer sofrer aqueles que mais amamos. Amanhã, minha neta, você vai entender as palavras de seu velho avô. Agora vou me deitar. Estou muito cansado.” Referia-se, Ramiro Bastos, ao assassinato já encomendado de Mundinho Falcão (José Wilker), exatamente no dia da eleição. Só que o velho coronel morre dormindo e logo pela manhã, montado num cavalo, um menino surge na praça principal e anuncia aos gritos: “Coronel Ramiro morreu...coronel Ramiro morreu...”, enquanto o atirador, já posicionado na torre da igreja e com Mundinho na mira, recolhe o rifle. Já o Ramiro Bastos versão 2012 não passa de um coronel-jagunço, tosco e grosseiro, de andar ‘tropeçado’ e trejeitos que lembram um velho gagá. Enfim, um falastrão que intimida pelos gritos, e não pelo olhar. (E vamos combinar que do saudoso Paulo Gracindo para Antonio Fagundes vai uma diferença maior que o litoral baiano) Resta observar que os demais coronéis são um bando de velhos ridículos – figuras cômicas – e que o turco Nacib de Armando Bogus deixa no chinelo o turco tipo jeca-tatu de Humberto Martins. Por fim, Juliana Paes, com seus olhos esbugalhados de peixe morto e seios muxibentos, fica devendo um montão à sensual Gabriela vivida por Sonia Braga. O resto...’falo mais não...’

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    Christiano Abreu Barbosa

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