Imaginário e folclórico
lucianaportinho 28/10/2012 23:23

Imaginário e folclórico

Luciana Portinho

Amanhã (29\10), às 20h, será aberta a exposição de João Oliveira, no foyer do Teatro Municipal Trianon. O tema da exposição é “Criancices”. Em 17 grandes obras, a exposição indica ter a criança e seu universo como tema comum. Em telas retangulares de 1,80m x 1,20m ou quadradas de 1,50m x 1,50m e também em duas largas rodas de madeira João de Oliveira explorou a mistura de técnicas e texturas em cada um dos trabalhos que serão mostrados. Ele que há 17 anos não expõe — ainda que seus admiradores conheçam seu talento e criatividade — irá surpreender pela força, unidade e beleza do que apresentará. — É uma recuperação da memória da infância. São registros da minha memória. Queria lidar com técnicas ainda não experimentadas. E saiu assim; a criança aparece com aspecto fotográfico, real e, o objeto do desejo da criança, a fantasia por ela percebida como fabulosa, em pontilhismo bem alegre — disse João. Se dizendo um apaixonado por Toulouse-Lautrec e seus pastéis, durante uma longa fase, o artista retratou o índio brasileiro em pastel e óleo. Tanto pintou a temática indígena que alguns chegaram estigmatizá-lo ao dizer, “João só sabe pintar índio”. João Oliveira, que nasceu em uma Campos dos anos de 1955, estudou na antiga Escola Técnica Federal, hoje IFF. Cursou Edificações e indo para o Rio de Janeiro foi fazer arquitetura na Universidade Santa Úrsula, pois na época era o que mais se aproximava do que ele de fato desejava o design. “O que eu deveria ter sido na vida é um design gráfico, mas, na época as profissões eram mais limitadas, sem tantas opções”. Talvez por esse seu lado, tenha se afastado uma época das artes. Deu uma parada e começou com programação visual e também com intervenções urbanas em painéis. É dele a programação visual do Hospital Geral de Guarus, HGG. “Foi no governo de Arnaldo Vianna, que era o prefeito. Ele me pediu uma programação visual do hospital que humanizasse o ambiente. Criei então uma programação não restrita à técnica; nela inclui a natureza através da presença do beija-flor. Hoje também a programação visual do Ferreira Machado é minha”, discorre ele. Há cerca de um ano, seu único filho, Uno de Oliveira, o provocou no sentido que retornasse a pintar foi quando então desafiado criou o primeiro quadro com a criança focada. Nasceu assim sua atual série. Desde então o artista está imerso em suas novas descobertas de cores, suas fusões e nuances. Não há predomínio de cor no colorido que cria um mundo infantil envolto em uma atmosfera de encanto. O sonho da criança ao se lançar, de braços abertos, no ar em um aviãozinho de papel, o desejo de ao empunhar uma batuta reger uma orquestra invisível, mas, que expande sonoridade na profusão de cores em direção ao pequeno maestro do peito estufado. Seus dois quadros redondos, feitos em madeira de sucata, impactam. São duas grandes rodas. Na primeira o cabrunco, sim o folclórico cabrunco aparece imponente pelo azul pontilhado. Seus chifres são alados pela magia criativa do autor. A segunda roda remete a um carrossel, com o menino a transmitir segurança e energia, montado no cavalo que ondula, ambos perpassados pelo azul do mar na cena. Artista lamenta falta de espaço em Campos Recentemente, João e sua esposa, decidiram de comum acordo, morar afastados da zona central. “Uma mudança radical no ritmo de vida”, como os dois dizem. Saíram de um apartamento perto da Pelinca. Optaram por uma casa arejada e ampla, na baixada, a que ele chama “meu paraíso”. Com o espaço maior, pode então criar seu atelier no sótão. “Criei meu ninho”. É lá que ele se retira, quando depois da inspiração — “Ela, a inspiração vem em sonho, ou uma coisa acontece e daí ela te leva a outra” — ele parte para a execução. Aí, segundo João, quanto mais produz, mais se sente inspirado pela prática que o leva a buscar novas imagens. Sua exposição depois do Trianon já tem novos convites: poderá seguir para Macaé e Petrópolis. O artista se lamenta da falta de um espaço adequado às artes plásticas em Campos. “Temos uma faculdade de Artes na cidade, formamos artistas a cada ano e não temos ao menos uma galeria de artes. É realmente desestimulante para o artista esta realidade local”, frisa. [caption id="attachment_5099" align="aligncenter" width="550" caption="Ft. Afonso Aguiar"][/caption]    

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