Artigo: A representação dos esquecidos
Alexandre Bastos 29/10/2012 00:17

Após sugestão de um grande amigo, publico aqui no blog o artigo do Marcelo Garcia, graduando em Economia -UFPR.

A representação dos esquecidos 

Há poucos dias, um amigo me chamou a atenção para a questão das bancadas no Congresso Nacional. São muitas, representam apenas uma minoria e conseguem levar seus esforços para além da vontade popular. Em certo ponto, ele tem razão. Há diversas bancadas, atualmente, sendo as mais notórias a “ruralista” e a “evangélica”. Ou seja, há representações de grandes produtores rurais e de líderes religiosos que vem tomando espaço (e templos) no Brasil, no qual parece deixar à revelia a questão de um Estado laico.

Vale lembrar que nosso sistema político é representativo, baseado no voto direto. Não convém, nesse espaço, lembrar-nos das lutas políticas e sociais que corroboraram o século XX para que pudéssemos, enfim, desfrutar de uma democracia. Muito menos discutir o conceito de democracia, tão parco e mesquinho nos últimos tempos. A questão que proponho é: por que as classes ou cidadãos não se alinham politicamente para também representar-se? Se há uma bancada ruralista, a qual impõe a “ecologia verde” apenas às pequenas propriedades, por que os pequenos produtores não se organizam e, dentro da luta política, passem a barrar esses arranjos ambientais também às grandes propriedades? Ou, então, por qual motivo não há uma “bancada católica”, “bancada espírita” ou até mesmo uma “bancada budista” dentro do Congresso Nacional? Sentem-se, em parte, representados por líderes que não são de suas igrejas?

Na maioria das vezes, não concordo com nenhum alinhamento ou proposta que partam de bancadas. A democracia não é feita de dentro para fora; sim, ao contrário, da vontade popular ser respeitada e, fundamentalmente, representada dentro da Casa. Essa dúvida que, em alguns pontos, chega a me perturbar: será que essa representação, de ações e propostas políticas tão retrógradas é verdadeiramente a vontade popular? Ou estamos sendo representados por “osmose”, pelas tabelas, pelas beiradas ideológicas.

Se pensarmos nessas bancadas, haverá uma quantidade de partidos infindável. Esse tipo de representação por bancada deveria, ao menos, ter um alinhamento político-partidário que não necessitasse de partidos-satélite para operar. A redução de partidos, a meu ver, não é uma perda de visões políticas e sim um ganho partidário interno. A criação do PSOL é um grande exemplo: era mais fácil, à época, haver uma dissidência e criar um novo partido do que lutar, dentro do partido ‘original’, por espaço – o que demonstrou certo fracasso, pois os dissidentes se desentenderam e novamente houve uma ruptura.

Ou seja, o que tem faltado é essencialmente política – em seu substantivo nato: a arte de convencer, de dirigir e executar ações. Diante disso, não apenas as transações ideológicas teriam fim, como também haveria uma aproximação entre as divergentes “bancadas” dentro de um mesmo partido.

* Marcelo Garcia

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