"Seu" Aluysio
Suzy 16/08/2012 02:33
  "Me dê a mão". Assim, em geral, começavam as nossas conversas, quando seu Aluysio contava suas lembranças de vida, relatava fatos da história como se fossem as coisas mais simples do mundo. E talvez fossem. A gente é que costuma por glamour complicando tudo. Da mesma maneira que falava, gostava de ouvir e demonstrava uma qualidade indispensável a um repórter: o interesse pelo ser humano. E esse interesse pelo outro, pela história que tinha para contar, não era apenas diante de uma autoridade que trouxesse uma boa matéria. Era com todos. Quando eu ficava diariamente na redação da Folha, inúmeras vezes seu Aluysio ficava conversando com minha filha, ainda criança. E não algo tipo "como vai a escola?" e pronto. Eram conversas mesmo, com real interesse no que ela dizia. Eu achava incrível duas gerações tão distantes, de mundos tão diversos, tivessem tanto a trocar. E tinham. Seu Aluysio era assim: simples sem ser piegas, carinhoso, sem ser dramático, dono de um humor ímpar. Como jornalista, é até dispensável falar. A Folha da Manhã fala por todos nós. Em várias ocasiões ele telefonou para mim, falando: "Minha filha, vem pra cá". E eu sabia que alguma coisa grave tinha acontecido. Ontem o telefone não tocou, mas ao saber da notícia, fui para a Folha ajudar na edição que traz a manchete que ninguém gostaria de publicar. Era minha homenagem a ele: levá-la às bancas no dia seguinte, como vem fazendo há 34 anos, desde que seu Aluysio pôs na Folha a primeira letra.

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    Suzy Monteiro

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