Castigo: Cinco anos sem água por ter provado erro no hidrômetro
Esdras
“Eu quero que eles se afoguem nas águas deles. Eu só ouço dizer que a água deles é ruim” Já faz alguns anos que o empresário Décio Barcelos vive uma situação inusitada, consumindo água de poço, apesar de residir na Av. 15 de Novembro, a poucas centenas de metros da principal estação de tratamento de água do município, hoje controlada pela concessionária Águas do Paraíba.   Segundo o empresário, que reside no local há 43 anos, ele nunca teve problemas com o abastecimento de água quando ela era fornecida aos campistas pela Cedae.   Tudo começou em 2007, quando a atual detentora do serviço, a Águas do Paraíba, determinou que seu hidrômetro fosse substituído por um da empresa alegando que o antigo estava defeituoso. A partir daí as contas dispararam de 170 reais para até 800 reais para o consumo de apenas quatro pessoas que residem no local. Diante do quadro alarmante, Décio questionou a empresa, que alegou vazamento nas instalações domésticas, o que foi prontamente rebatido. Para tentar contornar a contestação, a estratégia da Águas do Paraíba foi novamente trocar o hidrômetro, mas as contas continuaram absurdas. Sem que se chegasse a um acordo, Décio recorreu ao Procon, onde foi aconselhado a providenciar o laudo de uma perícia técnica no hidrômetro. Então, o empresário solicitou a perícia ao Laboratório de Hidráulica do Departamento de Engenharia Civil da UFF (Universidade Federal Fluminense), que concluiu em parecer técnico que o aparelho (hidrômetro) instalado em sua casa pela concessionária Águas do Paraíba, fabricado pela ABB, modelo B, número de série A99N935659, “encontra-se fora dos padrões metrológicos definidos pela portaria do Inmetro número 246/2000, pois o hidrômetro apresentou erro de 6,1% na Vazão Nominal, e não apresentou variação na Vazão Mínima, portanto está REPROVADO”. O laudo reprovando o hidrômetro foi assinado por Elson Antônio do Nascimento, Professor Titular de Engenharia Civil da UFF.   Como se fosse castigo por ter contestado a exatidão do aparelho medidor da concessionária Águas do Paraíba e provado seu mau funcionamento, o hidrômetro reprovado na perícia foi retirado e a água da residência cortada, com direito a estardalhaço visual, faixas amarelas e interdição da calçada da residência, alegando falta de pagamento dos valores absurdos contestados, o que levou o empresário a sentir-se humilhado e constrangido diante dos vizinhos.   Como resultado prático da luta pelos seus direitos de consumidor previstos em lei, até hoje Décio e sua família são obrigados a consumir água não tratada, enquanto providencia alternativas judiciais para solucionar o caso e exigir reparação por danos morais.  O inusitado da história é que o antigo hidrômetro, comprado pelo próprio consumidor, estranhamente foi levado pela concessionária Águas do Paraíba e nunca mais devolvido, como se fosse propriedade da empresa, o que impossibilitou que também fosse submetido a perícia.  Revoltado, o empresário diz que gostaria que as autoridades determinassem uma perícia em todos os hidrômetros de Campos: “vocês vão ver que de 65 a 70% devem estar sendo lesados”. Conheça essa incrível história de desrespeito ao consumidor na Revista Somos Assim dessa semana, nas bancas, que traz reportagem completa sobre o assunto e entrevista exclusiva com o empresário.
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