Assessor da Águas do Paraíba tenta desmentir pesquisas e desinforma população na TV
Esdras
Sem o menor embasamento científico, Adelfran tenta desmentir pesquisas de doutores da Uenf, acusa Somos e será processado e a sua empregadora também [caption id="attachment_3661" align="aligncenter" width="756" caption="Aldelfran, sem formação técnica, tenta negar para a população o que pesquisas de doutores da Uenf comprovam"][/caption] Uma série de matérias publicadas pela Somos vem mostrando a ineficiência do tratamento da água fornecida à população de Campos e irritando os representantes da concessionária Águas do Paraíba ao mostrar os resultados de análises da água potável realizadas por pesquisadores da Uenf, em parceria com pesquisadores de todo o país, que vem registrando a presença de cafeína e hormônios excretados pelo corpo humano através das fezes e da urina, principalmente no caso das mulheres que usam pílulas anticoncepcionais. Além disso, recentemente Somos também mostrou que pesquisadores da Uenf detectaram a presença de Cianobactérias na água tratada. Na ocasião, várias famílias entraram em contato com a revista relatando que seus membros ficaram doentes após o consumo do líquido fornecido pela Águas do Paraíba que, sintomaticamente após as denúncias, realizou uma paralisação geral no abastecimento da Cidade, alegando “procedimento de rotina”. Esta semana o tão prepotente, quanto presunçoso, assessor da Águas do Paraíba, sr. Aldefran, ocupou um programa de televisão para desinformar a população sobre os riscos que corre, tentando desmentir pesquisadores da Uenf e acusando a Somos. Leia abaixo até que ponto alguém pode chegar mentindo descaradamente para a população em troca um salário Tratamento dentro da legislação, mas ultrapassado e ineficiente Segundo a doutora em química, Maria Cristina Canela (Uenf), a cafeína funciona como uma espécie de traçador da eficiência das estações de tratamento de água. Ou seja, onde a cafeína está presente há grande probabilidade da presença de outros contaminantes. “No ano passado, fizemos essa pesquisa em 16 capitais e tivemos, em 92% das amostras, a presença de cafeína; nós não pegamos uma amostra de cada lugar, pegamos uma amostra de cada estação de tratamento que faz a distribuição da água”, disse Maria Cristina.   Em sua recente edição de número 252, a Somos publicou uma entrevista com o professor e doutor em química da Universidade Federal do Paraná, Marco Tadeu Grassi, que esteve em Campos e falou sobre uma pesquisa nacional de análise da água potável, desenvolvida pelo Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Analíticas Avançadas (INCTAA), que está sediado no Instituto de Química (IQ) da Unicamp em colaboração com outras instituições. O estudo tem demonstrado que as fontes estão contaminadas por esgoto e que as estações de tratamento não estão dando conta de remover a cafeína e outros compostos que chegam às torneiras das casas. “A intenção é que a legislação seja aprimorada e, a partir daí, as concessionárias tenham que lidar com essa questão num outro cenário”, disse Marco. A serviço da desinformação   Mesmo após a publicação das matérias com pareceres técnicos de especialistas e pesquisadores, em recente exibição do programa Página Aberta, da Unitv, o assessor da Águas do Paraíba, o Sr. Adelfran, que nunca foi conhecido pela excelência de caráter, mas sempre pelo excesso de presunção, apesar de não ter formação técnica específica para avaliar a pesquisa realizada com avançadas análises científicas com as quais a empresa que representa não conta, fez questão de desmentir os resultados das análises na água tratada de Campos. Sem o menor embasamento científico, ou comprovação por laudos do mesmo nível técnico das pesquisas realizadas, mas representando muito bem o seu triste papel, o jornalista Adelfran disse que não existe possibilidade de a água tratada pela concessionária Águas do Paraíba conter contaminantes que prejudiquem a saúde da população. Gravação do programa já estácom advogados da Somos   Ainda exercendo sua bem remunerada função de desinformar a soldo da concessionária Águas do Paraíba, o Sr. Aldefran, ao receber um questionamento de um dos ouvintes do programa, insinuou ser a pergunta da Revista Somos Assim por se tratar de um fato já denunciado pela revista, quando na realidade a nossa equipe só assistiu a sua malfadada entrevista à tarde, na gravação requisitada à emissora para acioná-lo judicialmente, e aos seus patrões, por acusações levianas feitas à Somos durante a entrevista. Nossos advogados já estão de posse do material e o Sr. Aldefran será devidamente intimado a provar o que disse, sob pena de reparação de danos morais à nossa empresa e aos nossos profissionais. Pesquisadora da Uenf rebate Aldefran e diz que compostos foram detectados na água [caption id="attachment_3662" align="aligncenter" width="756" caption="Dra Cristina Canela, da Uenf, faz parte de pesquisa nacional em água tratada e encontrou compostos na água servida à população de Campos"][/caption] Somos: Durante o programa Página Aberta exibido pela UniTv, o representante da Águas do Paraíba, Adelfran desmentiu a explicação dos pesquisadores da Uenf, dizendo que “as condições gerais da água do Rio Paraíba do Sul estão cada vez melhores” e garante ainda que não há presença de contaminantes como a cafeína e hormônios na água fornecida à população. Dá para acreditar nessa afirmação? Drª Cristina: Com relação à água estar cada vez melhor não posso opinar sobre isso, pois não tenho feito controle de qualidade das condições gerais da água servida à população. Porém, quanto à contaminação por cafeína e atrazina, análises realizadas no ano passado mostraram a presença destes contaminantes na água servida em Campos. As amostras foram coletadas e processadas pelo Grupo de Pesquisa em Química Ambiental da Uenf e analisadas pelo grupo do prof. Jardim na Unicamp. A cafeína não é legislada e estes estudos estão sendo realizados em todo o Brasil para exatamente tentar verificar a contaminação ou não destes compostos e como está o tratamento de contaminantes emergentes na água. Em nenhum momento se está dizendo que a água de Campos está fora dos padrões da legislação, porém é fato que estes compostos foram detectados na água, o que indica que a mesma sofre muita influência dos contaminantes provenientes de esgoto doméstico e da agricultura. Somos: Segundo Adelfran declarou, quando um problema ocorre na água, ele atinge a milhares de pessoas, e que não existe comprovação técnica e científica que valide a informação da presença desse tipo de contaminante. Drª Cristina: A partir do momento que já existem casos de doenças hídricas com a água tratada e se já foram detectadas cianobactérias na mesma, como consumidora, eu prefiro filtrar esta água para consumi-la. Também como consumidora, se pago água potável, quero água potável na torneira da minha casa. Somos: As pessoas precisam ter mais cuidado com a água tratada, ou com a água mineral? Drª Cristina: Na verdade, as pessoas precisam sempre ter cuidado com a água que consomem e não há fiscalização devida. Muitos fornecedores de água mineral, nós nem conhecemos e nem sabemos a origem e quem fiscaliza. Não é porque é mineral que está livre de qualquer tipo de contaminação. Até o plástico usado nas embalagens pode contaminar estas águas, se elas forem armazenadas com exposição ao sol. No caso da água tratada, a mesma coisa, como dito acima, existe uma legislação para ser seguida. Porém não temos acessos periódicos aos resultados destas análises, principalmente os compostos orgânicos. Informar pH, turbidez e coliformes à população não diz muito sobre a história química de muitos contaminantes sintéticos que são legislados. Além disso, como já existem discussões sobre novos compostos que têm aparecido na água, a concessionária deveria ser a primeira a se interessar e a querer melhorar isso. Enfim, na minha casa eu consumo a água tratada fornecida pela Águas do Paraíba depois de passar por um sistema de filtração. Somos: Durante o programa Página Aberta, o ouvinte Ronaldo Coelho disse que Campos é uma grande consumidora de água mineral, e perguntou se seria devido aos problemas de metais pesados que vêm na água do rio Paraíba, e por isso as pessoas não  estão confiando da qualidade da água fornecida pela concessionária Águas do Paraíba.   O assessor Adelfran disse que esse fenômeno de consumo de água mineral não é uma coisa de Campos, é uma coisa do mundo inteiro. É para isso que existe tratamento de água, para retirar da água qualquer produto que possa trazer risco à saúde humana. Problemas que ocorrem por contaminação hídrica e problemas da qualidade da água não ocorrem para uma pessoa só, ocorrem ao mesmo tempo para dezenas e centenas de milhares de pessoas, então, se fosse para considerar a água de Campos como uma água questionável, os hospitais e clínicas ficariam inundados de pessoas com problemas de diarreia, com problemas de vômitos, febre e com sérios comprometimentos na área hepática e renal, e isso não acontece. As próprias estatísticas desmentem isso, e as pessoas precisam ter muito cuidado com a água mineral que consomem, porque essa, sim, é uma água muito mais susceptível à contaminação do que a água que é entregue na sua casa em tubulações que são fechadas, controladas e fiscalizadas por órgãos federais, estaduais e municipais. Como jornalista e assessor de comunicação de uma concessionária de Água, o senhor Adelfran estaria apto a garantir a qualidade da água servida à população, desmentindo especialistas como vocês? Drª Cristina: Eu cheguei a ouvir a entrevista na rádio e, realmente, achei a declaração bastante infeliz. Embora ele deva ter muitos dados sobre a qualidade da água tratada, como eles não fazem este tipo de análise, ele não pode afirmar nada sobre isso. Depois que estes resultados foram divulgados a primeira vez, nunca fui procurada pela concessionária para falar sobre o assunto. Portanto, acredito que fazemos um trabalho sério, e não vai ser esta declaração que vai me fazer pensar diferente, ou deixar de realizar pesquisas nesta área. Matéria publicada na Somos que circula nesse domingo
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