A casa ficava em Petrópolis, no dizer do regime militar de então, era um centro de convivência com cobras e jacarés, choques e estupros, afogamentos e atropelamentos. Chutes e cusparadas compunham os momentos de distensão. E um corpo médico, não para trazer os militantes de esquerda para a vida e sim para que suportassem nova carga do tratamento hediondo. Como agora informa um dos agentes que atuaram na casa, o tenente-coronel Paulo Malhães - aos 74 anos e talvez com medo do julgamento final resolveu falar – os sustos eram aplicados. Que sustos? “O susto era sempre a morte”. A casa da morte existia para isso; convencer os presos políticos a colaborarem entregando seus companheiros, ou seja, cooptá-los por mal. Malhães, segundo o professor Rubem Aquino (autor do livro ‘Um tempo para não esquecer’, pode ser comparado ao Ustra Brilhante, um violento anticomunista que atuava em postos-chaves da repressão, “sempre à base da carnificina”. Por sua desenvolta bestialidade, Malhães foi incluído na lista do Grupo Tortura Nunca Mais “Elementos Envolvidos diretamente com Torturas”. Aos que ele atormentou e que foram dados como ‘mortos em combate’, se refere como medrosos e covardes. [caption id="attachment_4152" align="aligncenter" width="550" caption="Ft. Google"][/caption]
“O Corpo dela (da cobra) ao se deslocar, arranhou o meu; chegou a sangrar. Mas o maior trauma foi o cheiro que ela exalava, um fedor que custei a esquecer”. Depoimento de Danton Godinho, jornalista mineiro torturado.