A CASA DA MORTE
lucianaportinho 25/06/2012 20:55
Uma história macabra. Eu, Luciana, por obrigação moral, nesse espaço conto. Embora 41 anos tenham se passado, o terror é reavivado ao ontem ler a edição de O GLOBO  (domingo, 24/06, capa e página 3) sobre esse centro de tortura mantido pelo Estado brasileiro, na década de 70. De deixar qualquer ser normal enojado. Um único sobrevivente dos 22 que ‘oficialmente’ por lá passaram. Na realidade uma: Inês Etienne Romeu. Os outros 21 não resistiram às torturas dos agentes de informação do Exército (CIE). [caption id="attachment_4153" align="aligncenter" width="250" caption="Ft. Google"][/caption]

 

A casa ficava em Petrópolis, no dizer do regime militar de então, era um centro de convivência com cobras e jacarés, choques e estupros, afogamentos e atropelamentos. Chutes e cusparadas compunham os momentos de distensão. E um corpo médico, não para trazer os militantes de esquerda para a vida e sim para que suportassem nova carga do tratamento hediondo. Como agora informa um dos agentes que atuaram na casa, o tenente-coronel Paulo Malhães -  aos 74 anos e talvez com medo do julgamento final resolveu falar – os sustos eram aplicados. Que sustos? “O susto era sempre a morte”. A casa da morte existia para isso; convencer os presos políticos a colaborarem entregando seus companheiros, ou seja, cooptá-los por mal. Malhães, segundo o professor Rubem Aquino (autor do livro ‘Um tempo para não esquecer’, pode ser comparado ao Ustra Brilhante, um violento anticomunista que atuava em postos-chaves da repressão, “sempre à base da carnificina”. Por sua desenvolta bestialidade, Malhães foi incluído na lista do Grupo Tortura Nunca Mais “Elementos Envolvidos diretamente com Torturas”. Aos que ele atormentou e que foram dados como ‘mortos em combate’, se refere como medrosos e covardes. [caption id="attachment_4152" align="aligncenter" width="550" caption="Ft. Google"][/caption]

 

“O Corpo dela (da cobra) ao se deslocar, arranhou o meu; chegou a sangrar. Mas o maior trauma foi o cheiro que ela exalava, um fedor que custei a esquecer”. Depoimento de Danton Godinho, jornalista mineiro torturado.

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