"O Dia": Rosinha fala sobre ações, acusações e planos
Alexandre Bastos 26/05/2012 01:40

Em entrevista ao jornal "O Dia", a prefeita Rosinha Garotinho (PR) falou sobre seus principais projetos na Prefeitura de Campos. Na última pergunta, ao ser indagada sobre a reeleição, disse: "Posso ser. A lei me garante".

[caption id="attachment_10817" align="aligncenter" width="575" caption="Foto: Mauro Pimentel"]Foto: Mauro Pimentel[/caption]

Do "O Dia":

Rio -  Com 14 distritos e uma extensão territorial quatro vezes maior que a cidade do Rio de Janeiro, o município de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, já foi conhecido como a capital do petróleo e do açúcar. Atualmente, é um reconhecido polo comercial e financeiro, que vai receber nos próximos anos dois grandes projetos: o Porto do Açu e o Porto Farol Barra do Furado. Em mais uma entrevista do ‘Painel O Dia no Estado’, a atual prefeita Rosinha Garotinho, que foi governadora entre os anos de 2003 e 2007, fala sobre o passado, os projetos e diz que os recentes problemas enfrentados com a Justiça não passam de perseguição política.

Diversos projetos de urbanismo e paisagismo mudaram o aspecto urbano de Campos. Mas em relação à infraestrutura, o que tem sido feito?

Gastamos 20% de nossa verba em obras de melhorias na cidade. E fizemos um planejamento para que as mudanças exteriores caminhassem junto com as obras de infraestrutura. Por isso, as pessoas sentem a diferença quando andam ou chegam à cidade. Não prorroguei prazos de obras, pelo contrário, estreitei o relacionamento com várias empresas. Pois não adiantava eu construir calçada nova e asfaltar a rua, se uma obra de saneamento vai quebrar tudo de novo. Trabalhamos em parceria com a companhia de água e esgoto, por exemplo, e fizemos muitas obras nas galerias de água pluvial. Hoje, somos a segunda cidade do estado em qualidade de saneamento básico. Projetos como ‘Bairro Legal’ e ‘Meu Bairro é Show’ também foram essenciais e levaram esgoto, luz, asfalto e calçadas novas para bairros que estavam esquecidos. Isso se reflete no dia a dia da cidade.

Nos próximos anos Campos será casa de grandes projetos que estão em construção, como o Porto do Açu e o Porto Farol Barra do Furado. A cidade está pronta para o crescimento?

Nenhuma cidade está. Nem o Governo Federal estaria. Mas estamos trabalhando para isso. A população ainda vai se assustar com o crescimento que a cidade vai ter. Pois, como você disse, ainda nem saímos da fase da construção. Mesmo assim já temos mais de dez mil novos empregos, e a cidade não para de crescer.

E os investimentos na saúde? Quais foram?

Olha, se eu fosse fazer saúde só com recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) seria o caos. Eu invisto R$ 40 milhões a mais da verba dos royalties do petróleo na saúde. Acabamos com as filas de madrugada para marcação de consultas, que hoje é feita online no próprio posto de saúde. Quase todos os postos oferecem coleta para exames simples, criamos o serviço de ‘Emergência em Casa’ e fomos o primeiro município a disponibilizar vacinas preventivas. Hoje vacinamos gratuitamente as meninas contra o HPV e fomos o primeiro município do estado a oferecer vacina contra hepatite A, que não está no calendário do Ministério da Saúde. Só com a vacina para meningite, outra que oferecemos, reduzimos em 40% a mortalidade de crianças de um ano. Além disso, estamos construindo leitos de CTI, que deve aumentar em 70% a capacidade desse tipo de atendimento no município.

O que foi feito para educação em Campos nos últimos anos?

Quando eu assumi o governo, a educação em Campos estava à frente somente do sertão nordestino. Mas o processo de mudança na educação é lento. Antes do meu governo, a grade curricular era uma bagunça e cada escola ensinava o que queria. Hoje isso mudou. Padronizamos a grade curricular, compramos material didático, oferecemos merenda e transporte escolar de qualidade e criamos um Plano de Cargos e Salários para os professores. Além disso, quase 200 escolas do município foram reformadas. Durante meu mandato, serão seis novas escolas, que atenderão cerca de mil crianças e 29 novas creches, oito delas construídas com verba do Governo Federal. Todas as outras creches e escolas foram construídas e reformadas com a verba dos royalties do petróleo.

A senhora sempre disse que quer ter uma administração humana, pautada na justiça social. Alguns chamam isso de populismo. Como lida com as críticas?

Eu encaro com muita naturalidade. Pela nossa Constituição, todos têm o direito de viver com o mínimo de dignidade. Então, governo com essa premissa. Quem tem dinheiro paga para ter plano de saúde, creche e escola particular. Mas e quem não tem? Tenho que fornecer tudo isso. É um direito de todos. O dinheiro público deve valer para todo mundo no quesito infraestrutura, urbanização, segurança e organização da cidade. Mas o restante deve financiar o básico para aqueles que não têm nada. Hoje gastamos menos de 3% do nosso orçamento em ações sociais. O restante é gasto com necessidades básicas, que fazem parte do nosso programa.

A senhora tem um bom índice de aprovação de seu mandato. A que atribui essa aprovação?

Campos estava abandonada há muito tempo. Hoje a população vê obras e melhorias. Tanto vê que pede e sugere soluções para os problemas. Eu acho isso saudável. A cidade pode se orgulhar em muitos pontos. Temos um Centro de Eventos Populares Osório Peixoto, o Cepop, um local para receber eventos que tem capacidade de um público de 40 mil pessoas e o maior palco da América Latina em estrutura metálica. Temos também a Fundação Municipal de Esportes (FME), que atende mais de cinco mil pessoas em atividades como futebol, vôlei, basquete e natação. Hoje, estamos entre as cinco cidades que mais investem em esporte. Tínhamos um Plano Diretor antigo, que está sendo modificado e criamos um Conselho para estudar o que pode ser feito para melhorar a cidade nos próximos anos. As mudanças estão sendo feitas. E a população vê isso.

Nos últimos dez anos, a senhora teve problemas com Justiça Eleitoral que resultaram em processos de inelegibilidade, entre outras coisas. No final do ano passado teve seu mandato cassado novamente com a acusação de abuso de poder econômico e uso indevido de meio de comunicação. O que a senhora tem a dizer sobre essas acusações?

Qualquer pessoa que ocupa um cargo público corre o risco de responder processos pro resto da vida. Porque qualquer cidadão que entrar com um processo contra um governante, a Justiça irá acatar. Nessa questão do meu afastamento, eu dei uma entrevista na rádio em junho de 2008, quando voltei a morar em Campos. Na ocasião disse que estava voltando porque topei o desafio do partido em me candidatar à prefeita. Agora se isso é motivo para cassar o mandato tinha que cassar também o da presidenta Dilma (Rousseff), que quando ministra do governo Lula ia para os palanques oficiais como a candidata do presidente. Eu nunca usei palanque oficial. Esse mesmo processo diz que é abuso de poder econômico. Isso não existe.

Mas a senhora foi entrevistada pelo seu marido, que também é político.

Eu não estava no governo, meu marido não estava no governo, não existe abuso de poder econômico por conta de uma entrevista de rádio. O processo que meu marido sofreu é em razão de ele ser radialista e ter me entrevistado. Veja bem, nunca vi um jornalista ser processado porque entrevistou um político. Dentro ou fora do prazo eleitoral. Foi isso que ele fez. É um radialista que entrevistou uma candidata. Se essa ‘moda pega’, todos vocês (jornalistas) serão processados. Isso é ridículo. Então sou obrigada a achar que isso é perseguição. Mas ainda que a Justiça ache que eu estou errada, a Dilma recebeu R$ 5 mil de multa por fazer campanha em palanque oficial. Porque então não me multaram? Porque para a Dilma a lei é de um jeito, e para a Rosinha é de outra? A lei é a mesma.

E sobre a aliança Republicana, Democrática e Popular. O que a senhora tem a dizer sobre essa nova aliança entre os ex-rivais políticos Anthony Garotinho (PR) e Cesar Maia (DEM)?

Olha, política é assim mesmo. Quando as questões ficam no campo administrativo, tudo se resolve. E política é aglutinar forças. Só não se pode perder o foco de que tipo de política você quer adotar, o que você quer defender. A sua posição e suas crenças não podem mudar, mas os entendimentos e alianças vão variando de eleição a eleição. É assim mesmo.

Então a senhora será candidata a reeleição?

Posso ser. A lei me garante.

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