BR101- Obras a passo de tartaruga, um futuro de incertezas...
Esdras
[caption id="attachment_2952" align="aligncenter" width="510" caption="Capa da Somos que circula essa semana"][/caption] A concessionária Autopista Fluminense investe, proporcionalmente à arrecadação com pedágio, pouco ou quase nada em manutenção. Além disso, a empresa não tem compromisso oficial de duplicar a rodovia, nem, muito menos, um prazo definido razoável para o término das obras de duplicação que vem executando a passo de cágado. A baixa movimentação de pessoal e equipamentos deixa claro que a prometida duplicação é uma verdadeira obra “para inglês ver”. Nó na garganta Quem tem familiares que são obrigados a trafegar diariamente pela rodovia, seja por trabalho, estudo ou qualquer outro motivo, sabe bem o pavor e a angústia que vive quem se despede dos seres amados que, infelizmente, entram nos carros para enfrentar os perigos da BR101. São horas de angústia aguardando um telefone avisando que, graças a Deus, chegou ao seu destino bem. O tráfego na BR101 é administrado nos 320 quilômetros no Estado do Rio pela Autopista Fluminense que, apesar do nome, é uma empresa controlada por espanhóis, disparou 85,7%. A concessionária prevê a duplicação de apenas 176 quilômetros de estrada, além dos investimentos em melhorias, num total de R$ 2,8 bilhões, duplicação realizada em velocidade duvidosa, com indícios de uma obra cenográfica. [caption id="attachment_2954" align="aligncenter" width="756" caption="Obras a passo de tartaruga"][/caption] Milhares de motoristas que circulam pela rodovia nem percebem que se trata de uma obra de duplicação, devido à falta de movimentação de máquinas e profissionais. Quem tenta analisar o quê e como está sendo feito, chega a uma única conclusão: essa obra não tem “luz no fim do túnel”. Não sabemos quando, finalmente, acabarão as mortes, tragédias, angústias e o desassossego de milhares de famílias. A Privatização das rodovias Na primeira etapa do programa de privatização, de 1994 a 1998, seis contratos de concessão rodoviária assinados entre governo federal e as empresas não têm compromisso algum com obras de ampliação das vias, mas sim com “a recuperação, o reforço, a monitoração, o melhoramento, a manutenção, a conservação, a operação e a exploração da rodovia”. São concessões referentes a trechos importantes como os que ligam o Rio de Janeiro a Campos dos Goitacazes. “Aparentemente, buscou-se resolver o problema emergencial, que era ter uma rodovia em boas condições operacionais. Não se observa nestes contratos uma preocupação com o futuro, isto é, que no prazo da concessão poderia ocorrer expressivo crescimento do fluxo de veículos nas estradas, o que demandaria uma oferta maior de infraestrutura rodoviária", diz o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “Assim, pode-se afirmar que a estrutura das estradas concedidas não se altera no prazo da concessão, podendo gerar gargalos", continua. O trecho da Autopista Fluminense A BR-101/RJ interliga as cidades de Campos dos Goytacazes, Conceição de Macabu, Quissamã, Carapebus, Macaé, Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, Silva Jardim, Rio Bonito, Tanguá, Itaboraí, São Gonçalo e Niterói, e tem 320,1 quilômetros de extensão, sendo 261,2 em pista simples e 58,9 em pista dupla, com 4 pedágios, além de um importante papel na rede rodoviária brasileira, sendo também relevante sob o ponto de vista econômico por conectar a região norte à costa litorânea do Estado do Rio de Janeiro e suas bacias petrolíferas. Além disso, permite o acesso a uma região de importantes pólos turísticos, como Búzios e Cabo Frio. Em termos de movimentação de cargas e passageiros, o volume diário médio de tráfego é mais alto nas proximidades de Niterói, com cerca de 90 mil veículos. Na região de Silva Jardim, Casimiro de Abreu e Macaé, o volume diário médio de tráfego é de 12 mil veículos. No trecho próximo à divisa com o Estado do Espírito Santo, o volume diário médio de tráfego é de seis mil veículos. O trafego atual é composto por 75% de veículos leves e 25% de veículos pesados. As concessões de rodovias, uma opção à crise financeira do governo federal, foi um tiro que saiu pela culatra para satisfazer a preocupação de manter em bom estado de operação as rodovias existentes. O que se vê hoje são milhares de motoristas sendo explorados para passar numa rodovia mal conservada e de alto risco. Mas, o pior de tudo, é saber que essa rodovia é nossa, construída com o nosso dinheiro, e entregue à iniciativa privada de mão beijada, a troco apenas de promessas não cumpridas. Seria interessante ver onde, e com quais termos, no contrato da Autopista Fluminense está escrita a palavra rescisão. Talvez essa seja a melhor solução para o problema. Matéria completa na Somos dessa semana.
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