Vá em paz, Super Ézio!
Christiano 10/11/2011 02:41

Faleceu ontem à noite, de câncer, o ex-jogador Ézio, que passou por times como Bangu, Americano, Portuguesa, Fluminense e Atlético/MG/. Foi no tricolor carioca que ele se destacou no início dos anos 90, se tornando ídolo na torcida na década mais difícil da história do clube.

Ézio fez um bom estadual pelo Americano em 1990, indo em seguida para a Portuguesa de Desportos, onde continuou de destacando. Em 1991, foi contratado pelo Fluminense junto com o baiano Bobô, com quem formou uma boa dupla no Campeonato Brasileiro daquele ano.

Naquela época, o Brasileiro era disputado no primeiro semestre e o estadual no segundo. Artilheiro, com faro de gol, Ézio ajudou o Fluminense, então azarão, a se classificar para a fase decisiva do campeonato: as semi-finais.

Único carioca nas semi-finais, o tricolor foi eliminado pelo Bragantino, que viria a perder o título para o São Paulo, de Telê Santana, na decisão.

No estadual de 1991, Ézio continuou se destacando e ajudou o Fluminense a ser campeão da Taça Guanabara. Na final do estadual, o tricolor perdeu o título para o Flamengo, sendo derrotado por 4x2 no jogo decisivo, com o artilheiro tricolor marcando os dois gols do Flu, sendo o primeiro uma pintura.

Começaria aí uma longa história de gols contra o Flamengo, que lhe valeu o apelido de carrasco pela torcida tricolor. Ao todo foram 12 gols em Fla x Flus, sendo o terceiro jogador que mais marcou na história do clássico.

Em 1992, Ézio foi o artilheiro do estadual, quebrando um jejum de anos sem artilharia do Fluminense. Ajudou a levar o tricolor ainda a final da Copa do Brasil, fazendo gol no primeiro jogo da decisão, vencido por 2x1, nas Laranjeiras. No Beira-Rio, com um pênalti inexistente, o Inter venceu por 1x0 e levou o título.

Em 1993, nova conquista da Taça Guanabara, com gol de Ézio no jogo decisivo (confira abaixo). Nas finais, em confrontos duros, o Vasco se sagrou campeão estadual. [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=d8okNMhTDrk&feature=player_embedded[/youtube]

Em 1994, o estadual foi decidido em um estranho quadrangular decisivo, com jogos de ida e volta, com os quatro grandes. Ézio se destacou em dois jogos, nos incríveis 7x1 sobre o Botafogo, no qual fez 2 gols, e nos 4x2 sobre o Flamengo, no qual fez 3 gols da vitória de virada (relembre abaixo).

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=-eEdexYaNfo[/youtube]

O campeão em 1994 seria o Vasco, que conquistaria ali o primeiro tricampeonato estadual de sua história.

Em 1995, Ézio conquistou o seu primeiro e único título estadual pelo Fluminense, ajudando o clube a quebrar um jejum de 10 anos sem títulos. Ele foi importante durante a campanha, mas começava já a sofrer com lesões e acabou barrado por Leonardo, vindo do América de Três Rios, na reta final.

O craque do Fluminense de 1995 era Renato Gaúcho, que fez chover naquele Estadual. No histórico Fla x Flu do gol de barriga, Ézio assistiu do banco o Flu fazer 2x0, com gols de Renato Gaúcho e Leonardo, e depois a reação do Fla, que empatou o jogo em 2x2, resultado que levava o estadual para a Gávea no ano do seu centenário.

Joel Santana, técnico do Flu, então lançou Ézio, para tentar o gol salvador, que viria na jogada de Aílton, que culminou com o gol de barriga de Renato Gaúcho. Campeão estadual, o artilheiro foi negociado com o Atlético/MG/. Com lesões seguidas, ele encerrou a carreira três anos depois.

Ézio tinha boa técnica, mas nunca foi um fora de série. Era um centroavante com grande presença de área e excelente impulsão, fazendo muitos gols de cabeça apesar dos seus 1,81 metros.

Era um artilheiro nato, com faro de gol, e muito querido pela torcida. Costumava salvar o time com seus gols em momentos difíceis, o que o levou a ganhar o apelido de Super Ézio do narrador Januário de Oliveira.

Acima de tudo, era um sujeito de caráter, que gostava realmente do clube, fato raro no futebol mercantil de hoje em dia. Assinava os seus contratos em branco, começava a temporada e depois discutia os valores.

Morei e estudei no Rio exatamente nos anos em que Ézio defendeu o Fluminense. Em vários momentos narrados acima, de sua trajetória no clube, eu estava presente no estádio. Como todo torcedor apaixonado, o idolatrei, o xinguei, comemorei os seus muitos gols. Foi o jogador que mais vi marcar gols em estádios. Em 237 jogos, fez 119 gols pelo Flu.

Ézio foi ídolo de uma geração de tricolores. Não um ídolo da era Unimed, de altas cifras. Foi um ídolo humilde, do tempo das vacas magras. Um ídolo que foi amado e respeitado, que tinha amor pelo clube. Certamente não saiu milionário do Fluminense, mas escreveu o seu nome para sempre na história do clube. Vá em paz, Super Ézio!

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    Christiano Abreu Barbosa

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