Hoje Na Curva: Entre o sim e o não
Suzy 03/11/2011 17:17
Insistir ou desistir? Ali, em meio a tantas pessoas sérias, discutindo o futuro da humanidade – como se a humanidade não sobrevivesse sem elas – ela permitiu-se. Deixou os pensamentos flutuarem, correrem soltos. Lembrou das cestas de amor (ou seriam sextas?), de tudo o que foi compartilhado na cumplicidade de dois corações que não sabiam, mas precisavam se encontrar. Porque esbarrar ao acaso estava em seus destinos.
Estranho ter começado tão simplesmente e ter se tornado aquele furacão de emoções. Não era apenas sexo – antes fosse. Mas era algo que “envolvia sentimentos”, como ele fazia questão de provocar, sem, no entanto, nominar que sentimentos eram esses. Sabia que, no início, foi uma amizade crescente, relatos de infância, carências de adolescentes, insegurança de adultos. Tudo normal nas vidas humanas. Depois, havia aquela estranha mania de um completar a frase do outro, saber o que estava pensando, antever, pelo olhar, como seria aquela conversa, aquele encontro. Se precisasse de carinho, surgia um caminhão ao longo da estrada. Se fosse confissão a necessidade do dia, um padre aparecia dentro de si para ouvir pacientemente. E perdoar. Tudo bem. O sexo veio chegando, como quem não queria nada. Chegando e ficando. E ficando cada vez melhor. Porque sexo melhora com a intimidade. E como eram íntimos! Mergulhavam em prazeres até quase ficarem sem ar. E a vontade não saciava. Crescia. Coisa complicada de entender, principalmente porque tinham medo de aceitar o que estava acontecendo. Mas – por que toda história tem que ter um mas? – este tal medo teimou em crescer, quase fugir do controle. Primeiro ela, depois ele. Depois, ele, Ela. E nas idas e vindas, algo se quebrou. Primeiro ela tentou juntar os pedaços. Ele ajudou. Na segunda vez, ela deixou de lado. Ele tratou de montar, sozinho, aquele inimaginável quebra-cabeça. Na terceira, estavam os dois com os cacos na mão tentando não sabiam nem o que. Insistir ou desistir? Será que ainda valia a pena? Será que tão quebrado ainda existia como colar tudo ou, pelo menos, a maior parte possível? Será que não estavam somente prorrogando o finito? Ela se jogara sem paraquedas tantas vezes naquelas emoções, que agora não sabia mais. A coragem desaparecera. Ele insistia. Ela desistira. Era só dizer não, mas a palavra teimava em ficar presa em sua boca. A estrada parecia tão longa e tão curta ao mesmo tempo. Voltou os olhos para a reunião. Ainda precisava decidir muitas coisas.

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    Suzy Monteiro

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