Um pequeno cemitério perdido no meio do nada com um morro atrás. Não deve ser o único do mundo, mas, talvez, seja o mais singelo, com uma beleza plácida das coisas que desafiam o tempo e o esquecimento. Bem na chegada de Cambuci, no Noroeste do Estado do Rio, os muros recentemente caiados teimam em chamar a atenção dos apressados motoristas e passageiros.
Erguido por uma família que habitou uma casa ali perto, não deve ter mais do que oito túmulos, alguns imponentes. De longe, parece-se com um diminuto castelo. Hoje, Dia de Finados, é bem provável que alguém irá levar flores e lágrimas, como as que as nuvens deixam de presente sobre a terra ressequida.
Quantos sentimentos estão ali sepultados? Quantas iras passadas, ódios enterrados, amores findos, orgulhos feridos e dias desperdiçados? Parece um cemitério de brinquedo com tristezas de verdade incrustradas nos muros, testemunhas de intermináveis tardes. Bela presença calada a nos lembrar o que nunca desejamos lembrar. Mas, que nos torna, exatamente por isso, mais humanos.