Filmes, Catástrofes e Tecnologia
Mariana Luiza 06/11/2017 16:04 - Atualizado em 15/05/2020 15:12
Igreja de São Jorge, RJ
Igreja de São Jorge, RJ
A primeira, das sete profecias Maias, destina o fim do mundo para o dia 21 de Dezembro de 2012. Astrólogos, videntes e até Hollywood já deram suas versões para o fato.
Nas últimas semanas, a televisão exibiu místicos e tarólogos profetizando catástrofes naturais ao longo dos anos como uma forma de preparação da terra para o grande dia. As previsões são divergentes, mas todos concordam com uma coisa: o mundo não irá acabar como no filme 2012. 
 
O que acontecerá no dia 21 de Dezembro será o início de uma nova era. Um novo tempo onde o materialismo e a dor estarão banidos do universo, e a convivência harmônica entre os seres humanos e o planeta será definitivamente estabelecida. É o que dizem. Confesso que eu nunca acreditei na profecia Maia, nem em São Malaquias, Nostradamus ou nos três milagres de Fátima. Atualmente, o único presságio que ponho fé é o de minha mãe, que sempre disse ser a tecnologia a grande responsável pelo fim do mundo. Minha mãe, que temeu o bug do milênio, por diversas vezes, profetizou que o fim dos tempos viria na velocidade catastrófica das inovações tecnológicas e principalmente da internet. Seríamos, num futuro próximo, dominados e massacrados pelas máquinas que criamos, dizia ela. Os prognósticos de mamãe nunca chegaram aos pés de James Cameron e seus Exterminadores do Futuro. Ela, diferente do cineasta, acredita que a vitória das máquinas sobre os homens será bem mais sutil. Os homens tornarão escravos das máquinas que criaram, vendendo seu tempo e convívio com o presente em troca das alegrias fugazes de "likes" nas redes sociais. Verão o nível de stress e a velocidade do tempo aumentar incontrolavelmente a medida que se preocupam com a aprovação de desconhecidos. As relações humanas estarão cada vez mais dependentes da internet e da tecnologia. E o lançamento veloz e constante de produtos será o grande responsável pelo aumento do lixo de obsoletos. Sempre tive ressalvas à teoria apocalíptica de dona Suzy. Demorei a acreditar que ela pudesse estar certa. Achava que em parte ela tinha razão. Principalmente no que diz respeito à quantidade de lixos e obsoletos que produzimos diariamente, por conseqüência das inovações tecnológica. Mas, eu nunca acreditei que a internet seria a responsável pelo fim do mundo. Nem que este fim, assim como os Maias profetizam, estaria tão próximo. Muito próximo. E se muitos acreditam que os Maias acertaram a data do juízo final, eu acredito que minha mãe prenunciou como deus fará o acerto de contas. Faz um ano que o site WikiLeaks ficou famoso ao publicar uma série de documentos sobre possíveis crimes de guerra cometido pelo exército dos Estados Unidos nas guerras do Afeganistão e Iraque. Julian Assenge, o fundador do website, foi, logo em seguida, acusado de crimes sexuais. O WikiLeaks sofreu pressões e sanções financeiras. Em retaliação, o grupo de hackers Anonymous, atacou as empresas Visa, Mastercard, Amazon e PayPal, além do site da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Segundo a OTAN, o Anonymous é uma ameaça ao mundo. A publicação, também no WikiLeaks, dos telegramas da embaixada norte-americana sobre os abusos de corrupção e nepotismo envolvendo o governo da Tunísia foi a gota d’água para que a população se revoltasse e derrubasse o poder ditatorial de Bem Ali, no início deste ano. Estava inaugurada a Primavera Árabe, que só em 2011 derrubaria mais dois governos ditatoriais: o Egito e a Líbia. Além do website, as redes sociais, Facebook e Twitter se tornaram fundamentais na organização e sensibilização da população para a derrubada do governo no Egito e a disseminação dos descontentamentos mundo afora. Manifestações na Líbia, Argélia, Iêmen e vários outros países do Oriente Médio e Norte da África também foram organizadas pelas mídias sociais. Greves, comícios e motins, como o ocorrido na Tailândia em abril deste ano, igualmente se beneficiaram das facilidades da tecnologia. A velocidade e o alcance da internet foram essenciais para que movimentos como o Occupy Wall Street , em Nova York, ganhasse notoriedade e a adesão mundial. Ottawa, Berlim, Roma, Londres, Hong Kong, Sydney e Tóquio criaram suas versões para os protestos contra as ganâncias corporativas e as injustiças em geral. O poder da tecnologia e a da internet é tamanho, que na semana passada, a CIA - agência de inteligência norte-americana – admitiu monitorar as redes sociais no mundo todo em busca de ameaças à segurança do país e informações da opinião pública sobre o governo americano. Não há como negar: o fim do mundo, assim como o conhecemos, está mesmo próximo. Não sei se 2012 será a data certa para a extinção destes tempos de corrupção, abusos de poder e ganância, mas acredito que estamos vivendo o início do fim e que a minha mãe, a internet e a tecnologia têm muito a ver com isso.
 

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