UMA HISTÓRIA DE AMOR...
bethlandim 22/10/2011 15:03

O ouro fascina a humanidade desde a sua descoberta, de todos os metais, apenas ele reúne beleza, brilho, virtual indestrutibilidade e maleabilidade. Assim é o casamento de almas que verdadeiramente se encontram para construírem um caminhar junto. A origem da palavra “bodas” vem do latim “votum”, que significa promessa. Falo da promessa genuína de amar, compartilhar, respeitar, lutar, ser companheiro.

Sim, porque não existe caminho sem luta, vida sem dificuldade, amor sem companheirismo. Celebrar as bodas de ouro de um casal é celebrar a família, é celebrar laços verdadeiros, é ver o amor na sua trilha de consolidação com ternura e brilho nos olhos. Por isso, hoje, não posso deixar de comentar e agradecer a Deus as “bodas de ouro” de meus pais, Elza e Amaro.

Pois vivemos num mundo onde tudo é instantâneo, descartado, fragilizado perante qualquer obstáculo ou dificuldade. Então, quando presenciamos e testemunhamos um casal completar cinqüenta anos de casamento, não podemos nos silenciar. Temos o dever de testemunhar que o companheirismo, o respeito, o carinho, as dificuldades encontram eco no verdadeiro amor, e assim se solidificam as famílias.

Meus pais conheceram-se jovens, cada um com suas qualidades e particularidades, sonhos e desejos que não se perderam. Começaram sua vida com todas as dificuldades que um jovem casal inicia. Fizeram sua lua de mel, indo de jipe, numa verdadeira aventura até a Bahia. Aliás, aventura, desafio, caráter, fé, são valores que nunca faltaram aos meus pais. Sempre que vejo as fotos de minha mãe de bicicleta me carregando na garupa, sinto imenso orgulho. Ambos já fizeram de tudo um pouco em sua vida, da qual nos espelhamos e nos orgulhamos muito enquanto seus filhos, genro, nora e netos. Do magistério à advocacia, aos empresários que hoje são, sempre mantiveram o caráter, a família e os amigos em primeiro lugar.

Recordo-me das fotos da enchente de 66, dos meus pais de barco ajudando as pessoas alagadas. Recordo-me muito também, de todos os domingos que meus pais se dirigiam às 5h da manhã, para o hoje presídio “Carlos Tinoco” para trabalharem voluntariamente a parte esportiva dos detentos. E como não falar do esporte em Campos, sem ter em sua história o casal Elza e Amaro... Parece que nascemos na beira de uma quadra. Me recordo claramente de meus pais nos levando para todos os eventos esportivos, eu e meus irmãos, tanto em Campos, como nas cidades vizinhas e no Rio de Janeiro, para acompanhar as disputas dos Jogos Estudantis que eles organizavam. Aliás, tenho a certeza que o esporte e os valores que ele traz estão impregnados em nossa família, oriundos dos meus pais...

Caráter, luta, altivez, desafio, persistência, disciplina, coerência, é o que eles nos passam desde que nascemos. Lembro-me bem das nossas viagens, entre outras, de quando saímos de carro e fomos até a Argentina, voltando um mês depois, quanta alegria, quanta farra... Vocês nos ensinaram e ensinam a conhecer e descobrir o mundo, a sermos cidadãos do mundo, a pensarmos grande...

As férias em nossa Grussaí, sempre foram esperadas e com sabor de liberdade, sentindo o vento da restinga, como um doce que saboreamos... Lembro-me, ainda, quando os dois foram fazer Direito. Eu já tinha 15 anos e juntos, meu pai e minha mãe, retornaram aos bancos escolares formando-se em bacharéis em direito. Quanto desprendimento, dedicação, sacrifício e honradez, numa vida compartilhada dia-a-dia com sinceridade e laços de afeto. Laços estes que nos entrelaçam hoje numa família que é “um por todos e todos por um”. Pois eles souberam nos ensinar nas dificuldades e nas alegrias o verdadeiro valor da família e da vida!

As alianças que ontem, após 50 anos de casados, eles trocaram nos mostram que o amor é possível, que o círculo do infinito significa infinitamente perdoar, ceder, compartilhar, unir, amar... Pelas mãos dos meus pais poderia aqui enumerar inúmeras realizações, mas a maior delas, é o perfume que exalam, com suas vozes diferentes e unidas num só acorde, nos seus ensinamentos, na sua forma de falar com os olhos e nos acolher com o silêncio que às vezes tanto nos diz, como um porto, sempre seguro que nos ancora cada dia na morada de seus corações.

É como nos diz tão bem Shakespeare, “o tempo é muito lento para os que esperam, muito rápido para os que têm medo, muito longo para os que lamentam, muito curto para os que festejam. Mas, para os que amam, o tempo é eterno.” A delicadeza do amor de vocês nos ensinou a enfrentar com bravura as tempestades, e a ter olhos sensíveis para o perfume que a vida nos traz a cada dia.

Assim, são vocês, Elza e Amaro, nossos pais, amigos, companheiros, enamorados sempre, sendo um norte a nos guiar, um porto a nos ancorar, um colo que nos acolhe com tanto carinho e ternura. Mamãe e papai, temos muito orgulho de sermos seus filhos, de suas trajetórias, de sua honradez de vida, vocês são carne da nossa carne... o amor de nossas vidas... o esteio de nossa família...

Que venham mais 50 anos de caminhada, ternura e amor...

Vocês, meus pais, são como o açúcar no leite, que não distinguimos, mas que adoçam as nossas vidas...

Com afeto,

Beth Landim

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