Independência!
Suzy 07/09/2011 11:03
Quando Dom Pedro declarou a Independência do Brasil, porque não era bobo nem nada e não queria perder a boquinha, talvez imaginasse que aquele país continuaria do mesmo jeito com seu ato. Não estava muito errado. Até hoje vivemos acreditando que muitas decisões tomadas pelos governos foram nossas e, pior!, que são o melhor para nossas vidas. Isso nunca mudou. Nossas revoluções foram sempre “em nome” ou “em defesa” do povo, quase nunca beneficiado. O discurso é para validar o invalidavel, justificar atos que beneficiam um grupo, não o todo. Aliás, na grande maioria das vezes, o todo ficou prejudicado e ainda teve que pagar a conta. Eleições diretas não mudaram esse fato. Votamos no que nos dizem, de uma maneira ou de outra, que são os melhores e, não raro, entra mandato, sai mandato, nos decepcionamos. Acho que isso fez com nós, população, acabássemos de desiludidos, acreditando que tudo é “mais do mesmo”. Nos organizamos, lutamos, mas nossas bandeiras verdadeiras continuam relegadas a segundo plano. Quais bandeiras? Coisas simples. Aquelas que temos direito absoluto: saúde de qualidade, educação de qualidade, não só para quem possa pagar. Mas também e principalmente, para aqueles que não podem. Saúde de qualidade, significa atendimento médico eficiente e humanizado, remédios distribuídos com rapidez, atenção com as causas da população. Educação de qualidade é aquela que não aprova alunos que não sabem ler ou escrever direito e que estão fadados, em função disso, ao eterno subemprego. Educação de qualidade é fazer nossas crianças e adolescentes pensarem, questionarem, interpretarem – coisa mais que difícil hoje em dia. Só através da Educação é possível criar gerações críticas, questionadoras, mas participativas e que lutem por soluções. Apesar de nossa história mostrar como incontáveis vezes fomos massa de manobra, outras tantas vezes a sociedade se organizou e conseguiu mudar alguma coisa e na prática, como foi o caso do Artigo 41-A da Lei Eleitoral, que funcionou muito bem na eleição de 2004. A quem questione, faço questão de explicar: funcionou tanto, que sofreu alterações, além de haver, no Brasil, a benção dos recursos sem fim. Hoje, em várias capitais brasileiras, a população irá sair às ruas em manifestações contra outro mal fincado nas entranhas do Brasil: a corrupção. Em Campos, ela também acontecerá, a partir das 13h, apartidária e promovida por estudantes, que aderiram o movimento Ninguém agüenta mais a corrupção em todos os níveis e esferas: Executivo, Legislativo e Judiciário. Em muitas matérias divulgadas sobre corrupção só mudam os atores, os crimes invariavelmente envolvem desvio ou desperdício do dinheiro público. E esse dinheiro, por ser publico é meu, seu, nosso. Mas não podemos mudar a história, se não mudarmos todos nós. Darmos um basta na “lei de Gerson” e lembrar que o guarda tem que multar quando estacionamos em lugar errado, que a faixa pintada no chão não é enfeite, que “faltar dois décimos” não é ter média para passar de ano, que não podemos furar a fila só porque conhecemos o funcionário do banco. Por isso, mais do que ir para as ruas reclamando do que achamos errado nos outros, vamos também mudar o que aceitamos dos nossos erros. Somente assim poderemos ter a verdadeira independência.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Suzy Monteiro

    [email protected]

    BLOGS - MAIS LIDAS