Rosinha diz que só sai presa e passa a noite na prefeitura
Esdras 28/09/2011 20:52
Apesar da notícia da cassação da prefeita de Campos Rosinha Garotinho ter sido uma verdadeira crônica da sentença anunciada, a confirmação da decisão da juíza da 100ª ZE de Campos de Goytacazes, Gracia Cristina Moreira do Rosário, caiu como uma bomba na cidade. Em poucas horas o entorno da sede da prefeitura foi tomado por milhares de eleitores e correligionários do grupo político de Garotinho, chegando a haver a interdição da avenida Nilo Peçanha por alguns momentos, mas prevaleceu o bom senso e a manifestação foi transferida para o pátio da prefeitura, onde um pequeno trio elétrico foi transformado em palanque para que secretários, vereadores e simpatizantes fizessem seus protestos. Durante a manifestação o hino nacional foi executado por duas vezes, pessoas circulavam com rostos pintados com traços cor de rosa e vários manifestantes montavam barracas de camping dispostos a fazer vigília em solidariedade à prefeita cassada. “Só saio presa” Um pouco antes do por do sol, a prefeita cassada Rosinha Garotinho subiu ao palanque e falou para a multidão, em discurso que mostrava revolta, mágoa e certeza de que sua cassação havia sido orquestrada. Mostrando-se disposta a resistir, Rosinha foi incisiva em vários trechos do seu discurso: “Estão cometendo uma injustiça contra uma prefeita que foi eleita pelo voto do povo”, “Agora cassam a mim e ao Dr. Chicão como se fossemos criminosos”, “Eu e meus secretários vamos ficar aqui. Vamos resistir. Porque a caneta da injustiça não pode ser maior do que a democracia”, “Eu pedi para avisar a Nelson Nahim, presidente da Câmara, porque a gente saindo quem assume é ele, que não é nada contra ele. O que ele tiver que assinar na Justiça, ele assina. Mas daqui eu não vou sair!”. Encerrando com a decisão: “Eu vou dormir aqui na prefeitura. Eu só saio de dentro da prefeitura presa. Eu vou resistir. Eu não cometi crime!” [caption id="attachment_2516" align="aligncenter" width="756" caption="A prefeita cassada se emocionou e recebeu apoio do filho Wladmir, presidente local do PR"][/caption]

Medidas

Segundo informações, os advogados do grupo já entraram com pedido de Mandado de Segurança junto ao TRE – RJ. Nahin Sempre mais escorregadio do que mussum ensaboado, e gato escaldado nesse vai e volta de prefeitos, Nélson Nahin, cunhado da prefeita e presidente da Câmara Municipal de Campos, disse que só vai assumir a prefeitura após esclarecimentos jurídicos. Segundo consulta feita por ele ao procurador da Câmara Municipal, Helson  Oliveira, será necessário aguardar a publicação da sentença  que acontecerá amanhã, para só depois opor embargos de declaração visando corrigir possíveis omissões ou controvérsias na sentença. Ainda segundo o parecer do procurador, “o oficio faz referência ao afastamento da prefeita, mas a sentença deixa claro apenas a questão da inegibilidade, por isso a necessidade do recurso jurídico. A sentença foi baseada no artigo 22, inciso 14 da Lei 6490, penalizando os réus com três anos de inelegibilidade, prazo que teria inclusive expirado. Portanto somente após o julgamento desse recurso é que o presidente da Câmara poderá assumir ou não o Executivo”. Remendo Na publicação da notícia da decisão judicial, a assessoria de comunicação do TER-RJ aproveitou para remendar um dos seus erros, ter creditado na primeira notícia a autoria da ação ao MPE, quando, na realidade, a ação foi de autoria do ex-deputado Arnaldo Viana. Primeiro foi assim: “A ação interposta pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) em 2008 não havia sido acolhida pela 100ª Zona Eleitoral responsável pelo registro de candidaturas na eleição.” (AQUI) Depois assim: “A Ação de Investigação Judicial Eleitoral foi ajuizada pela Coligação "Coração de Campos" e pelo então adversário de Rosinha Garotinho na disputa à Prefeitura, Arnaldo França Vianna”. (AQUI) Sintomaticamente, o link para a primeira notícia não está mais válido. Céu nublado Diante desse quadro, nessa quinta-feira Campos amanhece, mais uma vez, sob o signo da incerteza. Recursos para lá, decisões para cá, e o nosso município é que sofre. Até quando?

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