FISIOLOGISMO ATÉ A MEDULA.
lucianaportinho 21/08/2011 21:52
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Interessante como uma opinião tão moderada quanto a manifestada pelo novo bispo de Campos, Dom Roberto Francisco Ferrería Paz, ao jornalista Alexandre Bastos da Folha da Manhã, na semana passada, pôde causar tanto reboliço na política local. “Parece-nos que em Campos o tipo de política segue um viés um tanto quanto fisiológico, nem sempre atrelado a princípios e valores”. Até que enfim uma autoridade investida de algum poder, resolve expor a mazela que mais nos envergonha. Este episódio, a meu ver, revelou dois principais problemas. O primeiro é o vazio da pauta política do momento. Todos aqui sabem como o nosso debate político está empobrecido, tem a forma de torcida organizada. Nele, permanecemos onde estamos, empacados no purgatório. O segundo é o baixíssimo nível da discussão. Os dois cientistas políticos, Hugo Borsani e Sérgio Azevedo, ambos da UENF e mais umas algumas lideranças reconhecem a prática fisiológica na política campista. Já outros peremptoriamente saem pela tangente da afirmação, e como desde sempre esbravejam contra seus adversários. E ainda uns dizem não querer entrar no mérito da colocação e passam a reconhecer o direito da livre expressão (sic) do Bispo. O fisiologismo predomina em sociedades como a nossa onde a ideologia se faz ausente. A inexistência de princípios ideológicos cria um campo fértil à exploração pura e simples do cidadão. Aqui é o império da troca de favores pessoais, do pistolão, da falta de politização da maioria da população. Aqui, miséria e pobreza são alimentadas em ações meramente assistenciais. Aqui se compra voto nas costas da Justiça ou na calada das listas na semana anterior às eleições. Campos é também conhecida por um dos mais caros processos eleitorais, per capita. Do nada R$ 300 mil são achados em bolsas de viagem em sedes partidárias, chovem malas nos canaviais, encontros são marcados em garagens escuras dos vazios prédios comerciais. Exército tem que ser convocado no apoio à Justiça Eleitoral. [caption id="" align="aligncenter" width="420" caption="Ft. Google"][/caption]

 

Com um orçamento municipal gigantesco, que ultrapassa R$ 2.000.000.000, faltam políticas de médio e longo prazo em quase todos os setores da administração pública. O poderio de um orçamento como o nosso tem sido desastrosamente direcionado a “comprar no varejo” um pouco de tudo e de todos. Décadas foram desperdiçadas no fisiologismo do coronelismo local. Luciana Portinho      

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