PÍLULAS DA GENTILEZA...
bethlandim 30/07/2011 16:59

A violência e a intolerância têm dominado o mundo. Observe como elas estão ao seu redor; nos noticiários da televisão, nas páginas dos jornais e das revistas, nas conversas em rodas de amigos.

Impotentes que nos sentimos diante de sua escalada, recorremos às leis – contratos firmados entre os homens para regular a convivência em sociedade. Uns passam a defender a pena de morte, um maior rigor na aplicação das normas, a antecipação da maioridade penal, etc. Buscamos proteção e sequer percebemos que pouco contribuímos para alcançá-la.

O efeito estufa ganha notoriedade e o aquecimento global deixa de ser retórica de cientistas para mostrar sua face real. Estamos comprometendo nossa sustentabilidade e as gerações futuras.

Os males que nos afligem decorrem de nossa natureza individualista. Queremos sempre mais. Mais posses, mais bens, mais exposição. Mais coisas quantificáveis, palpáveis, que possam ornamentar uma parede ou serem vistas sobre um móvel de mármore. E, em contrapartida, temos menos carinho, companhia, afeto. Beijamos pouco e abraçamos menos ainda.

Todo jovem, em algum momento de sua vida, nutre a utopia de construir uma sociedade mais justa, onde as diferenças socioeconômicas sejam abrandadas. Ele sabe de sua força e da importância de suas ações para obter esse feito. Mas a idade adulta nos visita e passamos a acreditar que a humanidade não pode ser salva e que uma atitude pontual é suficiente para surtir efeito.

Aqui reside a grande quebra de paradigma. São as pequenas ações individuais, tomadas coletiva e sucessivamente, a gênese da transformação. Lembro-me de um provérbio chinês que diz: Antes de iniciares a tarefa de mudar o mundo, dá três voltas na tua própria casa.

Este processo contínuo e envolvente é chamado de Espiral da Ética. A imagem da espiral remete a algo flexível e em constante movimento ascendente. E a ética invoca aos preceitos morais que habitam com naturalidade nosso íntimo.

Alimentamos esta Espiral da Ética através de nossos comportamentos e atitudes. Poderíamos desfilar aqui muitos exemplos, mas você poderá fazer sua própria lista e começar a colocá-la em prática imediatamente. Cada uma destas ações é chamada de ‘pílula de gentileza’.

Trata-se de pequenas drágeas encapsuladas na mente e sorvidas pelo coração. O princípio ativo é dado pelo amor, com elevada concentração de generosidade e benevolência. A posologia recomenda administrar uma autêntica overdose diária. Os efeitos colaterais são variados e os estudos a este respeito ainda não foram concluídos. Sabe-se apenas que a curto prazo foram observados a ocorrência de brilho no olhar, redução da angústia e da ansiedade, surtos freqüentes de entusiasmo e alegria. E no longo prazo, a expectativa de um lugar melhor para se viver.

O Poder da Gentileza nos torna conscientes e nos faz agir em direção a práticas mais nobres e menos superficiais. Você encontrará sua essência, a paz e a calma que tanto merece. Ao fazer isso por você, estará fazendo por todos nós.

Nunca vi nem nunca ouvi dizer, em toda minha vida, sobre alguém que não gostasse de ser tratado com gentileza. Também nunca soube de alguém que tenha se ofendido ao ser considerado gentil. Sendo assim, creio que o assunto aqui abordado seja de interesse universal: o desejo amplo e irrestrito de ser tratado com consideração, com respeito e – por que não dizer? – com carinho.

Entretanto, aí é que está a questão: em detrimento do que é essencial, passamos a investir tempo e energia demais em comportamentos que consideramos, equivocadamente, mais importantes, mais valiosos e com status mais elevado.

Blaise Pascal (1623-1662), gênio da matemática, inventor da máquina de calcular, filósofo e místico nos diz: “... O espírito de gentileza nunca ganhou centralidade, por isso somos tão vazios e violentos. Hoje ele é urgente. Ou seremos gentis e cuidantes ou nos entredevoraremos.”

Tudo isso se deve, muito provavelmente, ao fato de que, dia após dia, temos tentado garantir nosso lugar ao sol, como se lutássemos uns contra os outros, correndo o risco de perder prestígio, bens materiais, posição social, entre outros valores que, em última instância, não têm nos conduzido ao lugar em que realmente gostaríamos de estar.

Embora insistamos em acreditar que a essência de nossa busca deva ser por “coisas” (ainda que para impressionar ou agradar quem amamos), no fundo, no fundo, nada mais desejamos – genuinamente – além de felicidade, prazer e amor – o que, definitivamente, não está nas “coisas” e sim na relação que mantemos com as pessoas. É isso, e somente isso, que pode realmente nos fazer sentir satisfeitos, preenchidos e em paz!

Com afeto,

Beth Landim

 

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