80, 95 ou 103 ... o que importa é saber viver ... sonhar sempre ...
bethlandim 15/04/2011 22:30

Estava outro dia a observar as pessoas que com 80, 95, ou 103 anos, por exemplo, possuem sonhos a realizar. Por isto estas pessoas são excepcionais, felizes e admiráveis. Não estão na vida esperando o tempo passar, mas estão querendo mais tempo aqui na Terra, mais vida, mais trabalho, mais felicidade, estão à procura do “VIVER”.

Então, lendo Cora Coralina (1889 – 1985) pude perceber o quanto sua vida falava disso. Quando jovem, interessou-se por poesia e romances lendo tudo o que lhe chegava às mãos. Começou a escrever os seus primeiros textos aos 14 anos de idade, publicando-os nos jornais locais apesar da pouca escolaridade, uma vez que cursou somente as primeiras quatro séries, com Mestra Silvina. Publicou nessa fase, o conto Tragédia na Roça. Aos 70 anos, com problemas financeiros, decidiu fazer doces de frutas para vender. Tinha orgulho de jamais ter escrito para se lamentar da vida. Preferia, ao invés, louvar as coisas da terra e sua gente.

Na década de 80, passou a se corresponder com o poeta Carlos Drummond de Andrade, que admirava seu talento, a qualidade do seu caráter e a considerava uma mulher de espírito. Em 1983, lança "Vintém de Cobre-Meias, Confissões de Aninha", recebendo em seguida os o título de Intelectual do Ano da União Brasileira de Escritores e o troféu Juca Pato, tendo sido a primeira mulher a ser agraciada com eles. Cora Coralina foi homenageada no Festival Nacional de Mulheres nas Artes e recebeu o título de doutora honoris causa, concedido pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Cora Coralina amava o que fazia, jamais desistiu dos seus sonhos, e só conheceu o sucesso aos 80 anos. Mas Cora jamais desistiu de expressar nos seus “escritinhos”, seus lindos poemas, seu amor pela vida, sua paixão por escrever.

Estes sonhos também passam por Oscar Niemeyer hoje aos 103 anos, um arquiteto brasileiro reconhecido internacio- nalmente como um dos grandes renovadores da arquitetura no século XX, com obras de destacado valor em vários países do mundo. Estudou na Escola Nacional de Belas Artes (1935), começou a trabalhar com Lúcio Costa, criando uma parceria de sucesso internacional sob orientação do arquiteto franco-suíço Le Corbusier, para projetar a sede do Ministério da Educação e Saúde, hoje palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro. Com Lúcio Costa projetou o pavilhão brasileiro da Feira Internacional de Nova York (1939). De volta ao Brasil foi convidado pelo então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, para projetar um conjunto arquitetônico para a Pampulha. Com o passar do tempo abandonou o ângulo reto em favor das linhas curvas. Convidado pelo presidente Juscelino Kubitschek para elaborar o projeto para a construção de Brasília, sugeriu a abertura de um concurso nacional para o plano geral da cidade, concurso ganho por Lúcio Costa. Porém, projetou ali vários edifícios públicos que incluem o palácio da Alvorada (residência presidencial) e a capela anexa, o palácio do Planalto, o edifício do Supremo Tribunal Federal e o do Congresso Nacional, a catedral e o Teatro Nacional, e idealizou obras de tal beleza que levaram as Nações Unidas a declarar Brasília patrimônio cultural da humanidade em 1987. A consagração de seu talento veio com a exposição montada em no Musée des Arts Décoratifs, do Louvre, em 1964, a primeira exposição que a instituição dedicava a um arquiteto. Em seu projeto de vida, Oscar Niemeyer sonha, supera e continua querendo criar traços novos...

Compartilhando desses mesmos sonhos por viver, temos em Campos D. Diva Goulart que hoje completa 95 anos.  Esta “pequena grande” mulher, jornalista por formação, representa um grande exemplo de amor e de dedicação ao próximo. Educadora convicta fundou e está à frente da Associação de Proteção e Orientação aos Excepcionais (APOE), que desenvolve de forma brilhante e sublime um trabalho reconhecido por todos de nossa cidade como de excelência e dedicação aos portadores de necessidades especiais.

A APOE representa tanto para D. Diva que existe uma simbiose completa: ao pensarmos na APOE, pensamos em D. Diva e ao pensarmos em D. Diva pensamos na APOE. D. Diva marca a vida das pessoas por seus atos e atitudes com o próximo. Nela não encontramos palavras vazias. Em sua essência encontramos firmeza, suavidade, amor ao próximo, mas acima de tudo, saber respeitar e amar as diferenças de cada pessoa.

Dedico à senhora o poema de Cora Coralina - Saber Viver:

“Não sei… se a vida é curta, ou longa demais pra nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura… enquanto dura.”

Com admiração e afeto,

Beth Landim

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