Costumo dizer, repetindo as palavras de minha tia Marineth, que nos deixou há quase 14 anos, que ninguém sabe a dor do outro. É verdade. Só a gente sabe nossa dor, só o outro sabe da dele. A luta, o drama e o sofrimento do ex-vice-presidente José Alencar foram compartilhados por milhões de brasileiros, mas só ele, junto com sua família sabem o que foram esses 13 anos de luta contra o câncer. De longe, posso imaginar um pouco, vivi isso dentro de casa. Muitos relatos de Alencar, em entrevistas sempre recheadas de humor e otimismo, me soavam como Déjà vu. Alencar foi um exemplo ao expor sua dor, ao falar de detalhes que só sabe quem passa. Sofreu com mais conforto, com certeza. Mas o câncer é de tal forma corrosivo para pacientes e família, que é somente um conforto. Reproduzo aqui, uma nota que publiquei aqui, em setembro de 2009, ao ler entrevista de Alencar na Veja, um exemplo de vida e superação:

A entrevista do vice-presidente José Alencar à revista Veja é um exemplo de vida e superação. Alencar, que luta há anos contra um câncer, diz que está preparado para a morte e afirma que a doença o deixou humilde, ainda mais depois da colostomia: “Estou preparado para a morte como nunca estive nos últimos tempos. A morte para mim hoje seria um prêmio. Tornei-me uma pessoa muito melhor. Isso não significa que tenha desistido de lutar pela vida. A luta é um princípio cristão, inclusive. Vivo dia após dia de forma plena. Até porque nem o melhor médico do mundo é capaz de prever o dia da morte de seu paciente. Isso cabe a Deus, exclusivamente”.