Irena Sendler - uma mulher extraordinária e excepcional!
bethlandim 22/03/2011 12:45

Outro dia, li um texto traduzido por Manuel de Castilho que muito me impressionou. O mesmo contava a história de Irena Sendler intitulada “A mãe dos meninos do Holocausto”.

IRENA SENDLER é uma heroína desconhecida fora da Polônia e apenas reconhecida no seu país por alguns historiadores, já que os anos de obscurantismo comunista apagaram a sua façanha dos livros de historia oficiais. Esta mulher extraordinária também nunca contou a ninguém nada da sua vida durante aqueles anos.

Em 1999, a sua história começou a ser conhecida graças a um grupo de alunos de um Instituto do Kansas-EUA que realizou um trabalho sobre os heróis do Holocausto. Na investigação, deram poucas referências sobre Irena e só existia um dado surpreendente: tinha salvado a vida de 2.500 meninos. Como é possível que só existisse essa informação sobre uma pessoa assim? Mas, a maior surpresa chegou quando, após busc ar o lugar da tumba de Irena, descobriram que este não existia porque ela ainda vivia.

Aos  97 anos, enquanto residia num Asilo do centro de Varsóvia, em seu quarto nunca faltavam flores e cartões de agradecimento do mundo inteiro. Quando a Alemanha invadiu o país em 1939, Irena era enfermeira no Departamento de Bem-estar Social de Varsóvia, no qual cuidava das salas de jantar comunitárias da cidade.

Em 1942 os nazistas criaram um “gueto” em Varsóvia e Irena, horrorizada pelas condições como se vivia naquele lugar, uniu-se ao “Conselho para Ajuda aos Judeus”. Conseguiu identificações da oficina sanitária, sendo que uma das tarefas era a luta contra as doenças contagiosas. Como os alemães invasores tinham medo de que se desencadeasse uma epidemia de tifo, aceitavam que os poloneses controlassem o lugar. Logo entrou em contato com famílias oferecendo levar os filhos com ela para fora do Gueto.

Conta-se que era terrível, pois Irena tinha de convencer os pais a entregarem seus filhos e eles a perguntavam: Pode prometer que meu filho viverá? Como poderia prometer se nem sabia se poderia sair com eles do Gueto? A única coisa certa era que os meninos morreriam se permanecessem ali.

Mães e avós não queriam separar-se deles.  IRENA as entendia perfeitamente. O momento da separação era o mais difícil. Algumas vezes, quando Irena ou suas companheiras tornavam a visitar as famílias para tentar fazê-las mudar de idéia, todos tinham sido levados  aos campos de extermínio. Cada vez que isso acontecia, ela lutava com mais força para salvar as crianças.

Irena vivia os tempos da guerra pensando nos tempos da paz. Por isso, não se cansava em manter aqueles meninos com vida. Queria que um dia pudessem recuperar seus verdadeiros nomes, sua identidade, suas histórias pessoais, suas famílias. Foi quando inventou um arquivo que registrava os nomes dos meninos e as suas novas identidades. Anotava os dados em pedaços pequenos de papel que enterrava, dentro de potes de conserva, debaixo de uma arvore de macas, no jardim do seu vizinho. Guardou, sem que ninguém suspeitasse, o passado de 2500 meninos, até que os nazistas foram embora. Um dia, os nazistas souberam das suas atividades. Em 20 de Outubro de 1943,  Irena foi detida pela Gestapo e levada a prisão de Pawiak, onde foi brutalmente torturada. Num colchão de palha da sua cela, encontrou uma estampa de Jesus Cristo e ficou com ela até 1979, quando fez sua doação a João Paulo II. Irena era a única que sabia os nomes e onde se encontravam as famílias que albergaram aos meninos judeus. Suportou a tortura e se recusou a trair seus colaboradores ou a qualquer dos meninos ocultos. Quebraram-lhe os pés e as pernas, alem de sofrer inúmeras torturas. Mas ninguém conseguiu romper a sua vontade. Foi condenada a morte, numa sentença que nunca chegou a se cumprir porque, a caminho do lugar da execução, um soldado a deixou escapar.

No final da guerra, ela mesma desenterrou os vidros de conserva e fez uso das anotações para encontrar aos 2.500 meninos que colocou com famílias adotivas. Integrou-os aos seus parentes espalhados pela Europa, mas a maioria tinha perdido as suas famílias nos campos de concentração nazistas. Os meninos só a conheciam pelo apelido: JOLANTA. Anos mais tarde, quando a sua historia saiu num jornal junto com fotos suas, da época, diversas pessoas começaram a chamá-la para dizer:

“Lembro de seu rosto... sou um daqueles meninos. Devo-lhe a minha vida, meu futuro, e gostaria de vê-la”. Irena viveu muitos anos numa cadeira de rodas. Nunca se considerou uma heroína.Nunca reivindicou crédito algum pelas suas ações e sempre diz “poderia ter feito mais”!

Ao ler este texto, refleti: Quantos, no anonimato, fazem muito e muitos, nos holofotes da mídia, fazem tão pouco? Irena em seu silêncio fez a diferença e cumpriu, com coragem e amor, sua missão. Alem disso, nos deixa uma lição: não se plantam sementes de comida. Plantam-se sementes de bondade. Se criarmos um círculo de bondade, este nos rodeará e crescerá cada vez mais, pois o BEM que fazemos, não passa jamais.

Com afeto,

Beth Landim

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