Um Tsunami de insegurança ...
bethlandim 19/03/2011 13:07

É assim que nos sentimos, com a dor vivida pelos japoneses. Na sexta feira 11 de março, o Japão foi devastado por um terremoto, que segundo o Serviço Geológico dos EUA, atingiu os 8,9 graus na escala Richter, gerando um tsunami que arrasou a costa nordeste nipônica. O mundo assistiu impotente a um dois maiores desastres naturais conhecidos na história. Embora o Japão seja um país preparado para enfrentar grandes terremotos, a onda gigantesca que se seguiu foi devastadora. O povo japonês por uma questão educacional e cultural, possui equilíbrio emocional para enfrentar e superar esse tipo de tragédia, uma vez que o país se situa em uma zona "crônica" de abalos sísmicos. Porém, constatamos que o desastre natural foi infinitamente maior do que a capacidade humana de superação. Existe uma constatação deste episódio. Contra a natureza, não podemos medir força, e muito menos subestimá-la!

Como se não bastasse, o Complexo Nuclear de Fukushima Daiichi está escapando radioatividade. E aí outra constatação, mais um tsunami, e desta vez de radioatividade! Fico a imaginar, como estão se sentindo os sobreviventes das bombas atômicas que destruíram a cidade de Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945. Takashi Horita, 78 anos, um hibakusha, como são chamados os sobreviventes de 45, declarou emocionado: - Foi há 65 anos, e eu não esqueço nem por um dia. As pessoas gritando "mamãe, mamãe". Não foram dez mortos, cem, mil. Foram 140 mil pessoas mortas. E então fica a pergunta, existe realmente segurança nas Usinas Nucleares? Não sei responder esta questão, deixo para os técnicos da área, porém, não podemos ficar imóveis, no que tange a exigir cada vez mais respostas e estudos científicos para certificarmos-nos de sua segurança. Não podemos nos esquecer das nossas Usinas Nucleares, Angra 1 e Angra 2. A União Européia concordou em realizar testes de resistência em suas usinas nucleares, quer que os países vizinhos (principalmente Suíça, Turquia e Rússia) e o G-20 também adotem as mesmas medidas. A chanceler Ângela Merkel optou por manter a avalanche de críticas antinucleares e deixou claro que fechará todos as setes usinas nucleares construídas antes de 1980, por decreto. A Alemanha é altamente dependente da energia britânica, quase um quarto do total consumido no país. O país conta com 17 instalações atômicas. Ficou a cargo de Nicolas Sarkozy oferecer o programa de testes ao G-20, que será ratificado no Conselho Europeu de Energia, nos próximos dias 24 e 25 deste mês. No Brasil, o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, informou que o governo seguirá todas as orientações feitas pelos organismos internacionais. Além de uma terceira unidade em Angra, o Brasil, tem planos de instalar mais quatro usinas nos próximos anos. Ainda, que a contribuição da energia nuclear seja pequena na matriz energética brasileira, 1,5% da capacidade de geração de eletricidade, enquanto no mundo esse percentual passa de 15%, e no Japão, especificamente atinge a 44,5%. O nosso país se destaca na questão de segurança das usinas. Mesmo sabendo da diferença entre as Usinas do Brasil e a do Japão (mais antiga), qualquer acidente em uma usina nuclear é extremamente sério. Portanto, faz-se necessário que a sociedade seja bem esclarecida sobre os riscos que ela envolve. Chernobyl, na Ucrânia, é um exemplo vivo de desastre nuclear.

De repente, uma onda gigantesca sai do mar e acaba com tudo, alegrias e preocupações, felicidade e desespero, lucro e prejuízo, amor e ódio. Onde havia a engenhosa obra humana que é uma cidade em pleno funcionamento, já não há nada, a não ser lama e escombros. A vida que sobrou precisa continuar, mas como se continua depois de ver o mundo acabar em dez minutos? Qual é a escala de valores que se aplica? O que se passa a ser prioritário? E quando depois desta onda sobrevém outro tsunami de radioatividade? O povo japonês é um povo disciplinado, culturalmente e educacionalmente, muito bem preparado. Tenho a certeza que irão mais uma vez envidar esforços e solidariedade na reconstrução de toda aquela região, mais uma vez, numa demonstração de obstinação em sua reconstrução. Porém, as feridas jamais se cicratizarão, a dor dos familiares mortos não tem remédio! Ainda assim, a civilização e a educação, duas irmãs que fazem à diferença, escaparam ilesas do tsunami. Não tivemos notícias de roubos, saques ou ataques de histeria. Os japoneses demonstram que o ser humano não precisa ser violento e amoral, trazem consigo o equilíbrio e a dignidade em suas ações. Que pelo menos, possamos ter um aprendizado com o Tsunami da Radioatividade. Que nos informemos a fundo sobre o tema, e que nos façamos voz, para as políticas públicas nucleares de nosso país.     Espero que mesmo o alto preço das vidas que se foram, sirva de alerta ao mundo para as políticas nucleares.

Outra reflexão também se faz necessária. O consumismo desesperado, a utilização dos recursos naturais, definitivamente nos traz uma pergunta, Para onde vamos? Onde queremos chegar? A natureza, dá provas a todo instante que o efeito estufa caminha a passos galopantes. E muitas vezes, nós no nosso egoísmo frenético e no consumismo desenfreado, provocamos cada vez mais, a necessidade de mais energia, mais consumo dos recursos naturais, mais... Faz-se necessário uma consciência solidária mundial, que faça surgir em cada um de nós, uma responsabilidade única, na proteção do meio ambiente e no desaceleramento do consumo, traduzindo em um consumo consciente, sem desperdício e de forma responsável.

Aos meus leitores o convite à reflexão e sobretudo a valorização das pequenas trivialidades do cotidiano que vivemos, que são como pontos coloridos na tapeçaria das nossas vidas, e em tantos momentos deixamos passar sem perceber, e que os japoneses mais uma vez escrevem este ensinamento na História.

Deixo as flores de cerejeira, que os japoneses tanto amam,  como sinal de esperança de dias melhores, do Reconstruir com o colorido que a vida tem. Mesmo que tenhamos dias cinzentos, podemos colorir os outros dias com pinceladas de amor,  fé, confiança,  solidariedade, superação e alegria de viver.

Sim, porque a Vida  é  Sempre bela !

Com afeto,

Beth Landim

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