As perdas de uma tragédia
Suzy 19/01/2011 10:59
A tragédia na região serrana pode ter sido a maior do Brasil em desastres naturais, mas não foi a primeira ou será a última. E, ainda que seja possível medir o tamanho de uma tragédia pela quantidade de perdas humanas ou prejuízos materiais, não se pode medir a importância dela pela morte de 20 ou 200 ou 600 pessoas. Cada vida tem a sua importância no contexto em que ela está. Hoje, quando escrevo essa crônica, a tragédia já está cedendo, aos poucos, espaço nas páginas de jornais e sites. Caindo para a “segunda dobra”, como se chama no meio jornalístico, não será difícil que as autoridades e até nós mesmos, hoje tão solidários, esqueçamos disso tudo. Afinal, com o sol firmando, carnaval chegando, quem vai lembrar daquilo tudo antes da retrospectiva 2011? O imprevisto existe, mas pode e deve ser minimizado. Essa tragédia comoveu a nós todos, mas iremos seguir nossas vidas.  E aqueles que vivem lá? Quanto tempo vão demorar para a vida seguir em um ritmo mais próximo ao normal? Um ano? Dois? Nunca mais? A ajuda não pode cessar com as notícias da imprensa. Ela precisa ser contínua e duradoura porque aquelas pessoas estão, literalmente, sem chão. Se construir uma vida é difícil, imaginem reconstruir do zero. Quem estava lá e tomara que nós também para enfrentarmos o problema de frente e cobrarmos seja de que governo for, ações reais e integradas. Retirar mesmo a população da área de risco, querendo ou não. Para quem mora nesses locais é difícil deixar casas construídas com tanto sacrifício, porém, mais difícil é chorar a perda de tudo, principalmente de mães, pais e filhos. Para as autoridades, basta de fingir que governam, basta de ações reativas às críticas da imprensa. Até agora, o governador Sérgio Cabral tem acumulado pontos positivos com seus projetos nas áreas de Segurança Pública e Saúde. Vamos torcer que faça ações semelhantes também em relação aos moradores das áreas de risco, sejam eles pobres ou ricos – talvez os mais difíceis de convencer. Mas isso não depende só dele: envolve prefeitos, deputados, sociedade civil, igrejas, todos nós. E aí, temos também que parar de sermos o povo alegrinho e passarmos de vez para um povo que sabe o que é preciso e cobra transformações.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Suzy Monteiro

    [email protected]

    BLOGS - MAIS LIDAS