Hoje na curva - Depois de um tempo...
De tudo o que escrevo — e não é pouco, nesse tempo de letras desconexas a procurarem um sentido para as vidas — sem dúvidas o que mais me acalenta a alma, me conforta em vários momentos e me arranca risadas é nesse aqui. Nessa curva, histórias mil tem sido divididas com aqueles que se dignam a parar um pouco de sua rotina e ler o que escrevo.
Não foram raras as vezes em situações das mais inusitadas, em que alguém chegou, culto ou não, rico, pobre, alguns tão humildes que ficava difícil ouvir o que falavam, para comentar, criticar, rir ou chorar com aquelas histórias relatadas nesse espaço, às quartas-feiras. Quarta-feira, o dia que divide a semana, por acaso o dia em que nasci. Não, meu nascimento não dividiu nada, apesar de muitos 11 de setembro mais tarde, o mundo guardar essa data para sempre. Mas não poderia deixar de aproveitar o pensamento. Bem, por todas essas razões, sempre tenho um cuidado extra-especial com o que escrevo aqui. Nem sempre dá certo, devo admitir, mas vou tentando nesses quase nove anos. Assim, quando a coisa “aperta aqui fora”, opto por “dar um tempo” nessa curva do rio para evitar que esvazie. Estou retornando hoje, com a licença e a paciência de vocês, meus amigos leitores, para, mais uma vez, dividir meus sentimentos, minhas visões — meio turvas e distorcidas pela miopia, hipermetropia e etc. Vamos caminhando, sem pressa. Como bem falou o poeta Ferreira Gullar, semana passada, “o mal da humanidade é a impaciência”. A palestra, a conversa de Ferreira, tão lúcida, clara, foi um capítulo à parte em uma Bienal repleta de boas cabeças. Aliás, no mesmo sábado de Ferreira, havia uma fila interminável de jovens carinhas, esperando com paciência nem um pouco típica da idade, para estar com Talita Rebouças. Alguém pode dizer que é por ela aparecer na Globo, ser badalada, blá-blá-blá. Mas faz adolescentes lerem. Merece todos os aplausos. Então, passada Bienal, outras letras retas, meses sem sentido, estou de volta à Curva. Muito obrigada.
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