Produtor rural: criatura desafiada por tudo e todos.
lucianaportinho 18/10/2010 16:52
Ainda hoje vigora no inconsciente coletivo do brasileiro que esta categoria profissional é constituída por gente atrasada, pouca adepta a uma labuta ou ainda por exploradores insensíveis de mão de obra. Uma lástima que assim seja. Nossa região chegou aonde chegou pelo campo. Seja com o gado de vento, do tempo das Bentas Pereiras, ou da cana de açúcar, passando pelas beiradas do café e dos plantios de subsistência os mais variados ou, ainda, pelo que já produzimos de leite e seus derivados. Quando cá cheguei, em 82, logo fui apresentada à vida social e econômica da cidade no Parque de Exposição da Fundação Rural de Campos e na sede da Cooperleite. Para quem desconhece,  Campos já teve uma potente e dinâmica cooperativa de leite com uma planta industrial moderna, um supermercado completo, farmácia veterinária, etc. Havia até uma campanha dirigida para que os campistas prestigiassem os produtos produzidos pela Cooperleite. Por sinal, que manteiga tão amarela e gostosa! Pois bem, fui durante 15 anos uma pequena - sofrida e feliz - produtora de leite. Fui. A atividade não remunera o suficiente para que dela se retire o valor do investimento, as despesas de custeio, e o lucro. Sim, pois sem este último, como reinvestir na propriedade e ainda retirar para o sustento?! Foi uma senhora experiência. Adentrei uma realidade complexa. De lá, pude observar a constante tentativa de sobrevivência do pequeno e médio produtor em se adaptar às exigências da indústria, do mercado, do governo e até da natureza que castiga esta região com uma distribuição horrorosa de vento e chuvas. Ou não chove, ou o céu desaba, e tome água, e tome vento. É mais do que tempo de buscar minimizar e até reverter a situação de abandono do campo de Campos. Menos de 1% destinado no orçamento à agricultura não é nada. Pífio. O Prefeito Nelson Nahim será consagrado por todo o interior se não se ater à peça fria que mais uma vez saiu dos gabinetes. Pode até ser técnica, mas de toda injusta e míope. Não nos assustemos, vamos aguardar o resultado final, se o censo em curso do IBGE confirmar uma ainda maior concentração urbana com um esvaziamento ainda mais intenso do interior.

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    Luciana Portinho

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