Quando o assunto é....todo cuidado é pouco.
lucianaportinho 08/10/2010 06:21

Aborto, tema mais do que manipulado e, até os dias de hoje, no Brasil, tratado com pouca razoabilidade, ei-lo de volta às manchetes de jornais.

Me lembro que enquanto aqui no Brasil aprovávamos com muitas reticências a Lei do Divórcio, de autoria do então Senador Nélson Carneiro,  a Itália remetia ao povo através de um plebiscito histórico a sua discussão e deliberação. Corria então o Ano Internacional da Mulher, por resolução da ONU, cujo o bonito lema foi DIFERENTES MAS NÃO DESIGUAIS. Lá se vão 35 anos. No decorrer destes 35 anos a sociedade brasileira no que tange a costumes e legislação progrediu e muito. A mulher ingressou com força no mercado de trabalho, o Código Civil extinguiu a figura do 'cabeça no casal', a figura paterna passou a ter direito de pleitear pensão em caso de separação. A realidade da vida, o dia a dia, foi mais forte que os preconceitos arraigados.

O Estado Brasileiro é laico. Somos reconhecidos como uma das nações de maior tolerância religiosa. Conciliadores por formação histórica, nada temos, de fundamentalistas.

Aceitar trazer o tema da descriminalização do aborto  para o centro da disputa eleitoral do 2° turno é jogar para o atraso uma realidade que deve ser tratada como uma ação de saúde pública. Só no Rio de Janeiro, entre os anos de 1999 a 2007, cerca de 800 mil casos de abortos nos serviços de saúde pública, permanecendo até este ano  como a terceira causa de morte em gestantes, nas capitais (dados do Instituto IPAS do Brasil).

Não se trata de ser contra ou a favor do aborto. Posto assim é simplório demais. Encararemos um dia, o debate em todas suas perspectivas, sem a hipocrisia que ainda reina, sem fazer coro à histeria eleitoral e com a maturidade que o problema requer.

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