Wilson Cabral: "Campos não pode viver eternamente em clima de eleição"
Suzy 26/09/2010 12:06
 Wilson Cabral  Candidato à reeleição pelo PSB, o deputado estadual Wilson Cabral – líder do partido na Assembléia Legislativa – tem se desdobrado entre os trabalhos na Alerj e uma agenda cheia, percorrendo os municípios da região, na busca por mais um mandato. Nessa busca, o parlamentar fez diversas parcerias, entre elas, com o deputado federal Arnaldo Vianna (PDT), cujos grupos políticos haviam se distanciado em 2008, na campanha para a Prefeitura de Campos. Wilson revela que a aproximação foi natural, em função da identificação dos próprios eleitores. Sobre o ex-prefeito Alexandre Mocaiber - ex-aliado – Wilson admite divergências políticas: “discordo de vários posicionamentos”. A respeito de uma possível eleição suplementar, o deputado ratifica a necessidade de ela ser direta, fala que o convite feito pelo prefeito interino Nelson Nahim precisa ser discutido pelo partido em nível estadual e destaca: “A população tem sido prejudicada com esse eterno clima de campanha. O prefeito tem que trabalhar pelo bem da cidade e não ficar ininterruptamente em clima de eleição. Campos não pode viver eternamente em clima de campanha”.  Blog – O senhor, nessa campanha pela reeleição, tem feito diversas “dobradinhas” com vários candidatos a deputado federal. Isso não pode acabar causado dúvidas em seus eleitores? Deputado Wilson Cabral – Os candidatos com quem estamos fazendo dobradinhas são todos da coligação de apoio à reeleição do governador Sérgio Cabral. São candidatos que, entendendo nosso trabalho, nosso afinco e a força de nosso grupo político, se colocaram à disposição para fazer parcerias. Sou líder do PSB na Assembléia Legislativa e esses candidatos são expoentes de seus partidos e da coligação de Sérgio Cabral. Com o senso de responsabilidade que o mandato me dá não posso fechar portas para quem defende os interesses da população de Campos. Isso acontece com diversos deputados, até porque o voto não é vinculado. Tenho lideranças políticas que já trabalharam com diversos outros deputados, não poderia impor que deixassem de fazer isso. Além do mais, a dobrada está mais na opção feita pelo eleitor.   Blog – A eleição de 2008 deixou várias marcas, em vários partidos. O PSB foi um deles. Como está o PSB de Campos, que tem o senhor e o ex-prefeito Alexandre Mocaiber como duas correntes opostas? Wilson Cabral – O PSB em Campos tem, internamente, profundas divergências políticas de posicionamento. Não é nada pessoal, apenas no campo político. Discordo de alguns posicionamentos já de certo tempo. Tentamos um diálogo, mas não foi possível. Por minha formação pessoal, respeito as pessoas, sejam adversárias políticas ou não. Porém, também por minha formação, não posso aceitar certas situações que ocorreram. Eu, assim como outros integrantes da sigla, em função da condução do partido. Nossa sigla é forte no Brasil, no Estado do Rio e deveria ser, também, em Campos, mas houve vários fatos que não foram benéficos para o partido e para a própria cidade. Porém, tenho certeza que, com o passar do tempo, ele será reestruturado.   Blog – A gente falou em parceria. Uma que o senhor fez e causou certa surpresa é com o deputado federal Arnaldo Vianna (PDT), já que, após a eleição de 2008, houve um distanciamento entre o PSB e o PDT. Wilson Cabral – Em 2006, fomos os mais votados de nossos partidos, Arnaldo para deputado federal, eu para deputado estadual. Nós dois somos médicos, temos a mesma formação. Por isso, há uma tendência natural de que nossos eleitores reconheçam nosso trabalho em prol do município e criem uma identidade entre nós. Também existe uma aproximação natural por fazermos parte de uma mesma coligação, a que apóia a reeleição do governador Sérgio Cabral.   Blog – Com todas essas parcerias, com o trabalho de seu grupo político, como está sua campanha? Wilson Cabral – Está empolgante. O carinho que recebo das pessoas nas ruas é de emocionar. Eu tenho honra de ser deputado, representando Campos e outros municípios da região. Campos é uma cidade de pessoas boas, trabalhadoras e que, apesar de todos os dissabores que tem enfrentado, ainda participa do processo político. É a cidade que amo, que criei meus filhos. Tenho 27 anos de Medicina. Defendo meu mandato com a mesma veemência com que sempre defendi minha profissão. Tenho oito leis aprovadas e em vigor, como, por exemplo, a que reduz em até 50% o valor de produtos de higiene na cesta básica, a que obriga a colocação de filtros para contenção de fuligem em usinas e a que criou a carreira de animador cultural na rede estadual de ensino, garantindo a estes profissionais direitos trabalhistas que até então não tinham. Através de indicações legislativas, trouxemos as UPAs para Campos e queremos mais uma, desta vez na Baixada Campista. Também a policlínica para os policiais militares, laboratórios de informática, Centros de Vocação Tecnológica. Também lutamos com afinco pela incorporação do Nova Escola aos salários dos professores e obtivemos o reajuste de até 48% para profissionais que atuam em estabelecimentos de Saúde.   Blog – O senhor falou anteriormente que Campos não merece situações pelas quais tem passado. Como avalia a situação política da cidade?  E o convite feito pelo prefeito Nelson Nahim (PR) ao vereador de seu partido, Abdu Neme, para ser vice em uma chapa com ele, conforme revelou o Blog “Opiniões” (aqui). Wilson Cabral – Tenho percebido que, tanto na classe política, quanto na população em geral, há certa consternação. Campos não merece o que tem passado. A história de Campos não poderia ser manchada como tem sido. A perspectiva de uma nova eleição existe e, se ocorrer, é fundamental que seja de maneira direta. Sobre o convite, respeito, mas essa decisão tem que ser debatida pela Executiva estadual. De qualquer forma, a pessoa que assumir tem que ter compromisso com seu cargo, respeito aos espaços individuais e uma coisa que parece ser raro na política, amizade para que as portas estejam sempre abertas. Há a necessidade de se fazer política de modo diferente, seguindo essas diretrizes básicas. A Ficha Limpa está aí para também fazer essa diferença. Os eleitores têm que avaliar a trajetória dos candidatos. Não vote nulo, não vote em branco. A cada eleição, tenho certeza que a população vai escolhendo melhor seus representantes. E cobre dos eleitos os resultados. E os eleitos têm que saber que a campanha termina. Campos não pode viver eternamente em clima de eleições. Passado o período de campanha, o compromisso tem que ser governar, administrar. A população tem sido prejudicada com esse eterno clima de campanha. O prefeito tem que trabalhar pelo bem da cidade e não ficar ininterruptamente em clima de eleição.

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    Suzy Monteiro

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