Com o seu discurso patriota, a sua falta de educação com a imprensa, o seu grupo fechado, a blindagem das informações, o comprometimento, os treinos fechados, tudo em função de teoricamente fazer tudo diferente do que foi feito na Copa da Alemanha, em 2006, Dunga caiu na mesma fase do time de Parreira: as quartas-de-final.
A Holanda, merecidamente, venceu de virada, por 2x1, despachando o Brasil para casa, completando 24 jogos sem derrota. O triunfo deu aos holandeses um gosto de vingança das eliminações de 1994, nas quartas-de-final, e de 1998, nas semi-finais.
O domínio do 1º tempo foi do Brasil, que fez 1x0 cedo, com Robinho, em bom passe de Felipe Melo. A seleção poderia ter matado o jogo ali, mas não o fez. No 2º tempo, a Holanda voltou melhor e virou em duas jogadas aéreas e gols de seu craque, Sneidjer, apesar do gol de empate ter sido assinalado como contra, de Felipe Melo.
O volante brasileiro participou dos 4 lances decisivos do jogo: o passe para o gol brasileiro, o raspão contra no gol de empate holandês, era ele quem marcava Sneidjer no gol da virada e foi ele que se desequilibrou e pisou em Robben, sendo expulso e sepultando as chances de reação do Brasil.
Duas surpresas marcaram o jogo: a exposição da defesa brasileira, considerada a melhor do mundo; e o desequilíbrio do experiente time brasileiro, o de maior média de idade na Copa. Apesar do que, tendo um líder desequilibrado como Dunga, fica fácil perder o equilíbrio.
As fragilidades previstas pela imprensa e pela torcida foram todas expostas hoje: a falta de opções no banco, a falta de cratividade do meio-de-campo e o desequilíbrio de Felipe Melo. Perdido, Dunga sequer usou as 3 substituições, mesmo precisando mudar o resultado.
Sneidjer, no meu ponto de vista, foi o melhor jogador em campo e teve a melhor atuação individual na Copa, ao lado do alemão Schweinsteiger contra a Inglaterra.
* Texto publicado originalmente no blog Folha na Copa (aqui)