O Dia - do auge à decadência
Christiano 02/04/2010 21:03

O Dia pertenceu durante décadas ao ex-governador Chagas Freitas. Era um jornal extremamente popular, com muito sangue na capa. Vendia, nesta época, em torno de 180.000 exemplares diários. Sua grande transformação começou com a venda para Ary Carvalho, em 1983.

Em 1987, Ary fez uma grande reforma gráfica e editorial em O Dia, investindo pesadamente em bons profissionais, qualificando sua redação, trazendo um visual moderno, com muitas cores para suas páginas, e muitas promoções. A resposta dos consumidores foi imediata, levando o jornal a inimagináveis 900.000 leitores no domingo.

Junto com a circulação, veio o faturamento. E junto do crescimento, veio o incômodo ao gigante O Globo. A concorrência levou O Globo a se mexer, mudando o seu visual e investindo em equipamentos e melhorias gráficas, levando mais cores para as suas páginas.

ExtraPorém, o tiro certeiro da Infoglobo, que edita o jornal O Globo, veio 11 anos depois, em abril de 1998, com o lançamento do Extra. O novo jornal popular, voltado para a classe C e com muitas promoções, foi criado exatamente para brigar com O Dia e tirar O Globo desta briga, colocando-o num patamar de jornal mais qualificado.

Já em seu lançamento O Extra alcançou a tiragem de 110.000 exemplares. Pouco a pouco foi conquistando leitores de O Dia, até ultrapassa-lo como jornal de maior circulação do estado, alcançando depois o título de jornal com mais leitores no país.

Em dezembro de 1998, O Globo inaugurou o maior parque gráfico da América Latina, dando capacidade industrial folgada para todos os seus projetos de crescimento.

Com o falecimeto em 2003 de Ary Carvalho, as três herdeiras Gigi, Eliane e Ariane iniciaram um disputa pelo controle do grupo. Ariane assumiu a direção, mas depois perdeu o posto no ano seguinte para um suposto e ilógico rodízio entre elas. Gigi assumiu o posto.

Meia-HoraPara combater o Extra, O Dia lançou o jornal popular Meia-Hora, em outubro de 2005. A idéia era posicionar o Meia-Hora para brigar com o Extra, deixando caminho aberto para O Dia brigar com O Globo. O Meia-Hora foi um sucesso de circulação, conquistando grande números de leitores.

Tiro certeiro? Não, tiro no pé. O Meia-Hora tirou leitores do Extra, mas tirou muito mais leitores de O Dia, canibalizando o mercado e levando o Grupo O Dia a perda de publicidade.

ExpressoEm março de 2006, a Infoglobo lança o Expresso, para combater o Meia-Hora. A idéia foi posicionar o Expresso para brigar com o Meia-Hora nas classes C e D, o Extra para brigar com O Dia nas classes B e C (maioria), deixando O Globo sem concorrentes nas classes A e B.

A Infoglobo teve sucesso em sua estratégia. O Extra e O Globo, voltados para classes distintas, continuaram na disputa pela liderança no estado, seguidos em distância segura pelo Meia-Hora, enquanto O Dia iniciou uma queda sem fim de circulação e faturamento.

ExtraExpressoO Globo

 

O DiaSem rumo, O Dia ainda fez uma desastrada mudança de formato, saindo do standard e migrando para o berliner, tamanho similar ao tablóide, e lançou o jornal O Campeão, em outubro de 2009, fracasso de vendas. Já sem alternativa, Gigi deixou a direção em janeiro deste ano, preparando o terreno para a venda anunciada ontem.

A missão do grupo português, novo dono de O Dia, é reverter o quadro desfavorável. O IVC de fevereiro mostrava, no estado do Rio: Extra em 1º (3º no país) com 272 mil exemplares, O Globo em 2º (4º no país) com 251 mil, Meia-Hora em 3º (8º no país) com 144 mil, O Dia em 4º (18º no país) com 56 mil.

Para se ter uma idéia da crise atual, o jornal Meia-Hora perdeu 75 mil leitores em 1 ano, enquanto O Dia decresceu 36 mil.

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    Christiano Abreu Barbosa

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