Permita-se
Se a cada nome que imagina chamar, é o dele que chega primeiro aos seus lábios, no instante seguinte de ter ultrapassado seus pensamentos, permita-se pronunciar aquele nome, nem que seja baixinho, apenas para satisfazer seus próprios ouvidos. Fale e repita, não abra mão de sentir o som mergulhando em sua alma, fazendo lembrar um tempo em que suas vozes se confundiam entre outros sons.
Se é o corpo dele que o seu anseia tão desesperadamente, por que fingir prazeres em outros braços? Ou, o que é pior, acostumar com o menos do que excepcional? Se é corpo dele, seu amor maluco, seus sonhos desvairados, permita-se ama-lo. Nada pagará o soprar de sua respiração se quietando depois do amor.
Se são os olhos dele que invadem seus sonhos sem pedirem licença, povoando de possibilidades seu imaginário, não se recuse mais a dormir. Permita-se receber a visita dele, mesmo sem querer. Permita-se aproveitar essa visita e guarde-a para lembrar nos momentos mais áridos. E aqueles olhos passeando entre seus sonhos, sorrindo, embora a boca esteja muda é tocar um pouco o paraíso.
Se é, à simples passagem dele, que teu corpo reage, você está perdida. Mas não se preocupe demais. Permita ser guiada pelas mãos dele, mesmo que isso não faça sentido algum. Esgotar o amor, ir fundo nele, até para se necessário, poder partir para outra sem culpas, sem aquele insistente gostinho do que poderia ter sido. A cada amor que termina é cobrado que se esqueça tudo o que viveu e corra, imediatamente, para outros braços. O luto do desamor parece sempre coisas de fracos. Mas, para assumir que, apesar de tudo, ainda ama é preciso força. Permita-se viver os amores ata a última gota, porque...
“Vou te contar
Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho
O resto é mar
É tudo que eu nem sei contar
São coisas lindas que eu tenho pra te dar
Vem de mansinho a brisa e me diz
É impossível ser feliz sozinho
Da primeira vez era a cidade
Da segunda o cais e a eternidade
Agora eu já sei
Da onda que se ergueu no mar
E das estrelas que esquecemos de contar
O amor se deixa surpreender
Enquanto a noite vem nos envolver...”