Hoje Na Curva — A hora “daquela conversa”
Suzy 03/02/2010 11:29
Um dia eles são só prazer que explodiu dentro de você em um gesto de amor. Tá. Pode não ter sido com tanto amor assim. Talvez tenha sido uma paixão arrebatadora ou um encontro de fim de festa. Mas a verdade é que ele iniciou assim. Depois foi crescendo. Nasceu e continuou a crescer. Ainda ontem engatinhava pela casa tão inseguro dos passos que ainda viria a dar. Hoje, já corre pelo mundo e você tenta, ao menos, acompanhá-lo. Quem tem uma filha adolescente sabe o quão difícil é a luta diária contra a maré. Olha para seu fruto e não acredita que tenha sido igual. Acha sempre que foi mais calma, responsável, madura. Ainda que hoje insista em fazer umas loucuras vez por outra. É complicado criar um adolescente, aliás, um filho, num mundo onde há a necessidade cada vez mais urgente de se ter alguma coisa. Com isso, os pais tem que trabalhar mais e mais e os filhos ficam entregues a terceiras mãos, sejam de avós, empregadas ou as suas próprias. Uma boa opção, dizem os psicólogos, é conhecer seus gostos. Saber como é o mundo deles para falar a mesma língua. Seguindo esse pensamento, já assisti “High School Musical” (1 e 2!) umas... 10 vezes? Sei lá. Perdi a conta. Como desisti de contar as vezes que assisti “Operação Cupido” ou os episódios repetidos de “Os feiticeiros de Waverly place”. Ninguém merece. Ah, “Ninguém merece” é o nome de outra série de TV a cabo e que me deu o tema dessa crônica. A série mostra o cotidiano de uma pré-adolescente, que, como a maioria das meninas de sua idade, tem que lidar com todas as mudanças do seu corpo, a primeira paixão e se sente deslocada com a família. Dia desses, o episódio foi sobre “aquela conversa”. Não estou suprimindo a palavra sexo por uma questão pudica. É que durante o tempo todo, a menina fugia dos pais com vergonha de ter “aquela conversa”. Lembrei de como foi constrangedora ter “aquela conversa” com minha mãe. Ela sentada na cama do quarto, em um tempo de tempestade sobre nossa família, lendo um livro que mais confundia do que explicava. Eu, sem saber como dizer que já sabia daquelas coisas. Suspiramos aliviadas quando “aquela conversa” terminou. Hoje procuro conversar sobre tudo. Graças a Deus não tive exatamente de ter “a conversa”, mas fui explicando o que precisava no tempo em que ela me perguntava. Procurava alertar do necessário, mostrar exemplos. Até porque, em um mundo dominado pela internet e televisão, as informações vão chegando cada vez mais cedo e, muitas vezes, de maneira equivocada. Acho que o caminho é esse: não ter um ato formal para falar de outro natural e que, de uma forma ou de outra, sempre fará parte da vida. Ser amigo, sem esquecer-se de ser pai e mãe. Preparar para que os passos de adulto (ou quase adulto) sejam mais seguros do que aqueles primeiros, quando iniciou a caminhada.

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    Suzy Monteiro

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