Hoje na Curva — O caminho de Niemeyer
Suzy 16/12/2009 15:44
“A vida é importante; a Arquitetura não é. Até é bom saber das coisas da cultura, da pintura, da arte. Mas não é essencial. Essencial é o bom comportamento do homem diante da vida”. (Oscar Niemeyer) Ontem, dia 15, o arquiteto Oscar Niemeyer completou 102 anos. Por genética, vida balanceada ou sabe-se lá Deus o porquê, esse brasileiro, carioca das Laranjeiras, ultrapassou a barreira do centenário lúcido, trabalhando e brilhante, como sempre. Em setembro, levou um tombo, foi internado, chegou a ir para o CTI, passou por duas cirurgias, mas recuperou-se a tal ponto de já estar, novamente na ativa. Ao vê-lo, hoje, e com tantos poréns em relação à vida, a gente até pode imaginar que a sua foi à base de folhas de alfaces, exercícios infinitos, pílulas para manter a juventude e uma vida regrada, sem excessos. Ou que ele fosse um gênio que despontou desde os primeiros rabiscos. Engano. Niemeyer concluiu o ensino secundário após seus 20 anos e após casar, quando viu que era hora de ser responsável. Antes disso, foi um jovem normal, amante da boemia e freqüentador da Lapa. Formou-se arquiteto, na Escola Nacional de Belas Artes, aos 27 anos. Acho que o segredo desse brasileiro é saber viver e viver com intensidade e isso pode ser visto através de sua obra e de sua história. Um prédio construído através da concepção de Niemeyer é sempre uma obra de arte, sempre um convite para sonhar: “A gente tem que sonhar, senão as coisas não acontecem”, já afirmou. Sonhar é preciso, imaginar é preciso, lutar para realizar é primordial em qualquer que seja nosso caminho nessa vida. Acho que, muitas vezes, nos deixamos vencer pelas adversidades. Optamos seguir por ângulos retos, sem levar em consideração que as curvas são mais perigosas, mas, também, mais belas e cheias de recompensas. Quem é mais jovem pode achar que é falta de preparo, mas o corpo realmente sente a idade, isso sendo um atleta ou um completo sedentário. É irritante, mas verdade. A visão fica pior, a mobilidade idem. Mas é necessário viver bem em qualquer idade. Não se deixar vencer por ela. Ler, estudar, ousar mudar quando tudo parece estável. Ser fiel aos seus conceitos. Sonhar infinitamente, sendo pobre ou rico. Aos 20, 40 ou 80 anos. Planejar, ignorar a morte. Já que ela vem, que nos pegue bem, ao menos no espírito. Mantendo a juventude não através de botox e cirurgias, mas da felicidade presente nas coisas mais simples. Esse é o exemplo de Niemeyer, sua obra mais complexa. Outros — Ontem, pessoas importantes de minha vida também fizeram aniversário. Uma delas é meu amigo Otávio, homem como poucos, carinhoso, bem humorado, um encanto do mar. A outra é meu afilhado Aquiles que (já?) completou um ano. O primeiro ano de sua vida cheia de amor, desafios, carinhos, lutas e vitórias, tenho certeza. Todos os meus beijos para ambos.

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    Suzy Monteiro

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